QUADRAS 2018

QUADRAS 2018

-I-

 

PARA O DIA DA SAUDADE

Ah! Que saudades que tenho

De um tempo sem ter saudades,

Na vida com pouco empenho,

Vendo o mundo sem maldades.

SP. 30/01/2018.

-II-

Pelo Dia Internacional da Mulher.

                   Para Ruth

Meu amor intemporal,

Faz-me de ti seu amante,

Tem força de temporal

E nunca fica distante.

SP. 08/03/2018.

-III-

PARA MINHAS COLABORADORAS.

Pelo Dia Internacional da Mulher.

Minhas belas auxiliares,

Sempre amigas de meu lado,

No escritório são seus ares

Que geram nosso bom fado.

08/03/2018.

-IV-

O TIMECO DO LECO

Bem merece um peteleco

Este horroroso timeco

Descoberto pelo Leco

Dos outros times, boneco.

SP. 18/03/2018.

-V-

VERA

O tempo que nunca espera

Fez bem chegar o seu dia

Da queridíssima Vera,

Que agora aniversaria.

Beijos dos padrinhos Ruth e Ives.

21/03/2018.

-VI-

Na FIESP

Em homenagem à Camargo,

Eu nunca falo de cor,

Mesmo sendo assunto amargo,

Espero um Brasil melhor.

Na palestra do dia 15/04/2018.

-VII-

De tanto cantar meu canto

Já não sei quando o repito,

Apesar do desencanto,

Contra o mal eu sempre grito.

São Paulo, 19/05/2018.

-VIII-

Para Ruth

Sempre volto ao mesmo tema,

Quando moço e mais idoso,

Minha amada, em meu poema,

Faz o mundo esplendoroso.

São Paulo, 26/05/2018.

-IX-

Não dar importância à vida,

Nem com glória se importar,

Ser honesto pela lida,

A ataques pouco ligar.

SP. 02/06/2018.

-X-

Quando entardece no inverno,

O vento frio aborrece,

Com “pull-over” e com terno,

Na Igreja faz-se uma prece.

SP. 02/06/83

-XI-

Escrever é uma moléstia

Incurável, sem remédio,

Mesmo o escrito com modéstia

Ao autor não causa tédio.

SP 02/06/82.

-XII-

Mais uma quadra refaço,

Neste final de descanso,

Escrevo no branco espaço

Do papel que a tinta lanço.

SP. 16/06/2018.

-XIII-

Meu querido neto André

Reclama na minha sala

Da vitrola, mas de pé

Vai embora e pega a mala.

SP. 17/06/2018.

-XIV-

Para Ruth

No jardim cheio de estrelas

Vi teu retrato na lua

E quando pude retê-las

Eu retive a imagem tua.

SP. 22/06/2018.

-XV-

Para Ruth

Cansado de estar cansado,

Cansei-me de me cansar,

Cansaço se põe de lado

Pois não me canso de amar.

         SP. 23/06/2018.

-XVI-

I

Sinto saudades do tempo

Em que lutava com raça,

Passa a vida como o vento

Mas teu encanto não passa.

II

Sou bem velho, mas sou moço

Num coração que se vê,

O meu amor tem endosso

Transferido pra você.

SP. 01/07/2018.

-XVII-

A noite cai bem serena

À distância vejo luz,

E mais distante uma antena

Que bem parece uma cruz.

02/07/2018.

-XVIII-

É um cachimbo, um cachimbo

Magrite pôs em pintura

A frase tem seu carimbo

Com alguma formosura.

Jaguariúna, 02/07/2018.

-XIX-

Para Ruth

I

Depois da sauna um bom banho

E um notável bem estar,

Sem trabalho, fico estranho

Mas não paro de te amar.

II

Deslizo pelos oitenta

Com desconforto por vezes,

Nesta idade não se inventa,

Os anos parecem meses.

Jaguariúna, 03/07/2018.

-XX-

Meu tempo faz-se presente,

Só por ti querida amada,

Mesmo quando estás ausente

Pois tua imagem é guardada.

Jaguariúna, 04/07/2018.

-XXI-

Fim do dia ensolarado,

Nem parece ser inverno,

Tenho Ruth de meu lado

E tudo se faz eterno.

Jaguariúna, 04/07/2018.

-XXII-

I

O Brasil foi derrotado

Teve peso e pouca sorte,

Vive as glórias do passado

Mas o presente é de morte.

II

Eu não sei mais versejar

Repito temas e versos,

Mas a Ruth eu sei amar

Nosso amor vale universos.

Jaguariúna, 06/07/2018.

-XXIII-

Piscina

 

O sol bate na piscina,

Mas a piscina está fria,

Vou a sauna bem na esquina

De minha casa vazia.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXIV-

Ruth

 

Muito papel sobre a mesa

Muito escrevo e pouco digo

Sou feliz co’a  alma presa,

Por estar sempre contigo.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXV-

Ruth

O panorama que vejo,

Neste meu pobre recanto

É belo como teu beijo,

Pois descobre teu encanto.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXVI-

Para Ruth

Estou de roupa vermelha

Nas férias, uso um abrigo,

Por cima, eu enxergo a telha

E, ao lado, eu estou contigo.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXVII-

No tempo das caravelas

Havia monstros no mar,

E naufrágios nas procelas,

Que não se sabe contar.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXVIII-

No tempo dos cavaleiros,

As donzelas nas sacadas,

Protegidas por arqueiros,

Sonhavam sonhos de fadas.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXIX-

No tempo das caravelas,

Nos portos, ruas estreitas,

Tinham luzes amarelas

Sem brilhar e rarefeitas.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXX-

No tempo das caravelas,

Não havia mais jograis,

Que cantavam pra donzelas,

Nos castelos medievais.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXXI-

Na mesa branca da sala.

Eu escrevo sem parar

Escritos não tem escala,

Nem fronteiras como o mar.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXXII-

Neste livreto eu bem ponho,

Meu amor de tantos anos

Ruth pra mim é meu sonho,

Numa vida sem enganos.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXXIII-

No tempo dos cavaleiros,

As liças eram mortais,

Até mesmo os escudeiros

Tinham lutas corporais.

-XXXIV-

No tempo dos cavaleiros

Existiam cavalgadas

E, nos cavalos, guerreiros

Brandiam suas espadas.

-XXXV-

O tempo dos cavaleiros,

Foi também o das Cruzadas,

Dos nobres eram herdeiros

Nas batalhas e caçadas.

-XXXVI-

No tempo dos cavaleiros,

Eram sangrentas as guerras,

Forjavam em fogareiros

As lanças em suas terras.

-XXXVII-

No tempo dos cavaleiros,

Cantavam os cantadores

Os seus feitos derradeiros

Assim como seus amores.

-XXXVIII-

No tempo dos cavaleiros,

Lá sonhei ter meu destino,

Tendo por meus companheiros

Os meus heróis de menino.

-XXXIX-

Dois cadernos quero dar,

Para Ruth nos sessenta,

Para assim comemorar

Nossa data sem tormenta.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XL-

Quanto mais me vejo fraco,

Mais em Deus eu acredito,

Pois N’Ele a soberba aplaco

E faço o mal ser prescrito.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XLI-

A noite chega bem perto,

Desaparecem as luzes,

O céu é um negro deserto

Onde se escondem as cruzes.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XLII-

Minha rua de eu menino

Tinha, muitas vezes, bonde,

Nela via meu destino

Que não sei onde se esconde.

Jaguariúna, 09/02/2018.

-XLIII-

Quadra do dia

Oh querida Ana Regina,

Psicanalista de escol,

O teu olhar de menina

É brilhante como o sol.

SP., 19/07/2018.

-XLIV-

Vivemos dias estranhos

Crápulas em profusão

Têm nos roubos muitos ganhos

Mas à custa da nação.

SP. 22/07/2018.

-XLV-

Os meus sonhos de menino

Não os perco no Brasil,

Os bons farão seu destino

De afastar o poder vil.

SP. 22/07/2018.

-XLVI-

PARA MINHA SECRETÁRIA

 

A sempre jovem Marlene

Ontem fez aniversário,

No trabalho, que se encene

O seu toque já lendário.

SP, 23/07/2018.

-XLVII-

Como nos tempos de antanho,

De mãos dadas sempre estamos,

Nosso amor não tem tamanho,

Sendo os Santos nossos amos.

28/07/2018.

-XLVIII-

Quando os tempos são da lua

O coração é mais belo,

Pois nele a imagem é tua,

Num colorido amarelo.

SP. 28/07/2018.

-XLIX-

Eu sempre as quadras bem faço,

Mal escritas de improviso,

Penetro assim meu espaço

Em busca de teu sorriso.

11/08/2018.

-L-

Quanto mais escrevo assim

Tanto mais assim me sinto,

Quero ter perto de mim

O teu olhar tão distinto.

SP. 11/08/2018.

 LI

Que frio faz este inverno,

Que saudades do calor!

Não é, felizmente, eterno,

Mas tem do cinzento a cor.

SP. 09/09/2018.

LII

Peço a sua intercessão

Minha Mãe formosa e linda,

É de ti meu coração,

Pelo tempo mais ainda.

SP. 09/09/2018.

 

 

LIII

Os astronautas no espaço

Encontram astros no escuro,

Os versos são nosso passo

Com claridão no futuro.

SP., 13/09/2018.

LIV

Para Ruth

Há tanto tempo teus olhos,

Eu os amo intensamente,

São os dois, dois escolhos,

Onde encalho docemente.

SP. 13/09/2018.

LV

No tempo dos sonhos mil

A vida faz-se mais leve

Ninguém se torna senil

E nem o viver é breve.

LVI

No tempo dos astronautas

Os espaços siderais

Tornam as vidas incautas

Semelhante aos samurais.

LVII

No tempo dos navegantes

Os mares eram bravios

E as terras muito distantes

Tinham invernos e estios.

LVIII

No tempo da Idade Média

Havia muitos escravos,

Não havia enciclopédia,

Mas uns cavaleiros bravos.

LIX

No tempo da Grécia antiga

Os deuses eram normais,

Mas eterna a sua briga,

Sendo alguns bem imorais.

LX

No tempo do velho Egito,

Os deuses eram sangrentos

E a história tornou-se mito

Com descobertas e inventos.

LXI

No tempo da Babilônia,

Mulheres eram impuras

E os homens tinham insônia

Durante as noites escuras.

LXII

No tempo do Império assírio,

As guerras eram ferozes

Sem flores, nem mesmo lírio,

Só gritos eram as vozes.

LXIII

E no tempo dos romanos,

Vencidos eram os escravos

Mesmo sendo soberanos

Ou até guerreiros bravos.

LXIV

No tempo do iluminismo

Todos pensavam ser gênios

Porém o seu raquitismo

Mostrou serem ingênuos.

LXV

No tempo dos fins dos tempos,

Pouco tempo há de buscar,

Haverá trovões e ventos

E maremotos no mar.

Jaguariúna, 12/10/2018.

LXVI

No tempo dos impossíveis

Tudo é possível fazer,

Não há padrão, nem há níveis,

Só não se pode morrer.

Jaguariúna, 13/10/2018.

LXVII

No tempo das grandes naves

Meus sonhos foram além

Lembraram elas as aves

Num eterno vai e vem.

SP. 21/10/2018.

 

LXVIII

 

No tempo dos literatos,

Os versos correm no espaço,

Tais correntes ou regalos,

Marcando do mundo o passo.

SP. 21/10/2018.

 

LXIX

 

No tempo da fantasia

Imagens brotam constantes,

Os sonhos dão alegria,

Tristezas ficam distantes.

SP. 21/10/2018.

LXX

 

No tempo dos samurais

As lutas eram por glória

As mortes sempre brutais

Marcavam a sua história.

SP. 21/10/2018.

LXXI

 

No tempo da China antiga

Já chineses eram tantos

Que ninguém que os contradiga

Conhece bem seus recantos.

SP., 22/10/2018.

LXXII

 

No tempo dos mil castelos,

Havia lindas princesas,

Por elas muitos duelos

E combates sem surpresas.

SP. 22/10/2018.

LXXIII

 

No tempo dos beduínos

Viviam sempre de tendas,

Cantavam os próprios hinos

Repletos de suas lendas.

SP 21/10/2018.

LXXIV

 

Nos meus tempos de menino

Sonhava sonhos de herói

E vivia meu destino

Como só o jovem sói.

SP. 21/10/2018.

LXXV

 

No tempo da diligências

Ser cowboy era ser forte,

Não havia complacência,

Duelos eram de morte.

SP.21/10/2018.

LXXVI

 

E no tempo dos fantasmas

E dos monstros do cinema

Os terríveis cataplasmas

Desfiguravam o tema.

SP. 21/10/2018.

LXXVII

 

No tempo dos bons guerreiros,

Mas cruéis de coração,

Aldeias em fogareiros

Ardiam por sua ação.

SP. 21/10/2018.

LXXVIII

 

No tempo dos bandeirantes

Os rios eram caminhos,

Andando em terras distantes,

Entre florestas e espinhos.

SP. 21/10/2018.

LXXIX

 

No tempo de Harum Rachid

Os mouros eram candentes,

Mas um dia o grande Cid

Tornou os seus mais valentes.

SP. 21/10/2018.

LXXX

 

No tempo dos portugueses

O mundo ficou maior

Girando a terra por vezes,

Com o seu mapa decor.

SP. 21/10/2018.

LXXXI

 

No tempo dos mil afetos

Todo o mundo quer amor,

Nem sempre caminhos retos,

Seguem quem tem este ardor.

SP. 21/10/2018.

LXXXII

 

No tempo dos parlamentos

Teve o povo a sua voz,

Mas nem sempre estes momentos

Deram alegria após.

SP. 21/10/2018.

LXXXIII

 

No tempo das muitas lendas

Só uma me traz a vida,

Pois desconhece contendas,

Por seres de mim querida.

SP. 21/10/2018.

CI

Tantos anos pela vida,

Dão me valor que não tenho,

Hoje perto da partida

Só os valores mantenho.

SP. 27/10/2018.

CII

Vejo a luta desigual

Na passagem da existência,

Do qu’é bom contra o qu’é mal

Num mundo quase em falência.

SP. 27/10/2018.

CIII

Para Ruth

Quanto mais eu envelheço,

Mais romântico eu me torno

Por ti, querida, este apreço

Sempre foi o meu adorno.

SP. 28/10/2018.

CIV

De longe o número vinte

É o mais belo dos concertos.

Eu sou dele, pois, ouvinte

Neste Mozart dos acertos.

SP. 27/10/2018.

CV

Eram luzes amarelas

Que estavam em minha rua,

Eu as via das janelas,

Ao procurar ver a lua.

SP. 28/10/2018.

CVI

Eu, quando menino, a lua,

Procurava vê-la cheia,

Construía em minha rua

Os meus castelos de areia.

SP. 28/10/2018.

CVII

Embarquei hoje na lua,

Minha nave espacial,

Os meus sonhos pela rua,

São a minha catedral.

SP. 28/10/2018.

CVIII

Todo o mundo, toda a vida

Não vale o verso que faço,

Embora fraco, querida,

Constitui o meu espaço.

SP, 28/10/2018.

CIX

Minhas ruas paralelas

Os meus sonhos pela lua,

Quantas saudades nas telas

De meu passado na rua!!!

SP. 28/10/2018.

CX

Minha vida, meu destino,

Saudades daquele tempo,

Quando eu andava, menino,

Correndo, meu rosto ao vento.

SP. 28/10/2018.

CXI

Apesar da primavera

Eu sinto frio de inverno,

Que do corpo se apodera

E frente ao qual me prosterno.

SP. 28/10/2018.

CXII

O tempo passa veloz,

E na idade corre mais,

Às vezes se ouve a voz

Da eternidade em umbrais.

SP. 28/10/2018.

CXIII

Pelas ruas paralelas

De meus tempos de menino,

Via luzes amarelas

A mostrarem meu destino.

SP. 28/10/2018.

CXIV

Pelos astros de meus sonhos,

Quando versos eu fazia

Afastava tons tristonhos

E neles punha alegria.

SP. 28/10/2018.

CXV

Mais um caderno eu termino

Com quadras feitas a esmo,

Lembrando sempre o menino,

Que buscava por si mesmo.

SP. 28/10/2018.

CXVI

Mesmo velho, sou menino,

Correndo pelos quintais,

Buscando por meu destino

Atrás de muitos varais.

SP. 28/10/2018.

CXVII

Assim o velho menino

Forjou seu próprio caminho

E Ruth por seu destino

Jamais o deixou sozinho.

SP. 28/10/2018.

SONETOS ALÉM DO TEMPO

SONETOS ALÉM DO TEMPO

 2018

 

-I-

O tempo mostra à vida o seu tamanho

E a dimensão exata do que somos,

O livro que escrevemos, mesmo estranho,

Poderá ter —quem sabe?—  muitos tomos.

Quando jovens a morte não é tema,

Quando velhos sentimos a presença.

Fizemos, pelos anos, nosso esquema

Com certezas e, às vezes, com descrença.

Embora tudo gere mais cansaço,

De tudo temos mais conhecimento

E sabemos qual é o nosso espaço,

Que não tem, nesta idade, mais aumento.

É feliz quem a si não dá valor

E oferta para os seus somente amor.

SP, 16/01/2018.

 

-II-

A inspiração no tempo é diferente.

Na juventude a vida é só romance,

Na mocidade sonha toda gente

Que uma grande aventura cria o lance.

Na madureza, corre uma esperança

Que a velhice se encontr’inda  distante,

Porém se bem mais forte, o esforço cansa

E os desejos já não são mais de infante.

Por fim, aos poucos, a senilidade

A tudo dificulta, todo o dia.

Memória do passado dá saudade

E a perda dos amigos faz a via.

Mas quem em Deus desvenda seu carinho,

Descobre como é belo este caminho.

SP, 22/01/2018.

 

-III-

PARA RUTH NO ANIVERSÁRIO DA ANGELA

Há tanto tempo que eu te quero tanto,

Há tanto tempo tu me queres bem,

Por tanto amor o quanto de meu canto

Fica meu canto sempre muito aquém.

São décadas e décadas de amor,

Que sem sentir o tempo vem e passa,

Nesta paixão há sempre muita cor

Num sonho que se bebe em linda taça.

És ponte da família para Deus,

Que atravessamos sempre bem felizes,

Tu pedes ao Senhor por todos seus

E nós todos seguimos o que dizes.

Há tanto tempo que eu te quero tanto

Que meu amor não cabe neste canto.

SP, 09/02/2018.

 

-IV-

Para a tatuagem de minha neta Fernanda.

Uma espada cravada em coração,

Que responde com flores, como o sândalo,

Perfumando, se um golpe leva-o ao chão,

O que parece ser mais do que escândalo.

Assim Cristo pediu pelos algozes,

Como o sândalo augusto perfumando

As machadadas frias e sem vozes,

Ao modo dos cristãos de quando em quando.

A tatuage’está na minha neta,

Não é nem muito grande, nem pequena,

As minhas eu as tenho, pobre asceta,

As rugas da velhice, em tez serena.

Fernanda, eu amo a filha de uma filha,

Que torna sempre alegre esta família.

Jaguariúna, 11/02/2018.

-V-

Para Ruth

Buscando teu amor, todos os dias,

Todos os dias, vivo de teu lado,

São mesmo quando tensos, de alegrias,

Num tempo que se passa não notado.

Os ossos degeneram pela idade,

O andar mais arrastado faz-se lento,

Se tenho do pretérito saudade,

A velhice jamais eu a lamento.

O meu amor, porém, é sempre moço,

É sempre grande e sempre sem tropeço,

Pois tiro do mais fundo de meu poço

O sonho que por ti nunca tem preço.

Querer-te traz à vida segurança,

Que só por tua causa é que se alcança.

SP., 10/03/2018.

-VI-

Soneto da Senilidade

Quando digo que estou já bem senil,

Criticam-me dizendo de meu erro,

Pois falo, pois escrevo em tom viril,

Nas palavras o mal pondo em desterro.

O certo, todavia, é que a cabeça

Não envelhece, mas o corpo sim,

Embora ser senil não me aborreça,

As flores já são raras no jardim.

O coração, porém, sempre combate

O que de podre existe no país

E, se não há do bem qualquer resgate,

Nem por isto abandono a diretriz.

Como árvores que morrem sempre em pé,

Irei até o fim com minha fé.

SP. 17/03/2018.

 

-VII-

Para Ruth

A pele mostra as rugas pelo tempo,

Tornando o qu’era belo em feia estampa,

A vida nunca foi um passatempo,

Pois para o fim se desce pela rampa.

A velhice desfaz qualquer imagem,

E muitas vezes fere o próprio amor,

O passado transforma-se em miragem

E o presente se perde sem calor.

O coração, porém, quando se ancora

Num querer permanente é sempre moço

Sem crepúsculo ou noite, mas aurora,

Descortinada num formoso esboço.

Assim sou eu, eterno apaixonado,

Feliz por tê-la, Ruth, de meu lado.

SP. 14/04/2018.

 

-VIII-

Mais um retiro com Deus.

Todos os anos os faço.

Nele peço pelos meus,

Pois na agenda há sempre espaço.

Renovo as forças que tenho,

Mesmo poucas, vejo luz,

Relembro o pesado lenho

Que Cristo teve por cruz.

Meus valores permanentes,

Ruth, filhos e a família,

Meus amigos, são meus entes,

Que tornam leve esta trilha.

Este caminho, Senhor,

Por ti, foi feito de amor.

Aroeira, 21/04/2018.

 

-IX-

Para Ruth

A velhice bem vale um coração,

Se o coração bem jovem permanece,

As rugas com a morte morrerão

E o amor nele gerado faz-se prece.

O querer não tem forma de pregão,

Que a qualquer um se entrega na quermesse,

Sem ter pureza o esforço faz-se vão,

Pois a quem ama apenas se oferece.

A velhice é detalhe sem relevo,

Que não torna jamais a mocidade

Menos presente, mesmo se longevo

O caminhar dos anos pela idade,

Por isto este soneto a ti escrevo,

Para mim sendo eterna divindade.

SP.28/05/2018.

 

 

-X-

SEM DESTINO

Empinei meus papagaios

Para ver as caravelas,

Que desenho em meus ensaios,

Pelas ruas paralelas.

Eu descubro assim os astros

Ao noturno contemplar,

Vi estrelas sobre os mastros

No meu barco pelo mar.

Penetrei pelas florestas

Sem alforje, sem espada,

Dos nativos vi as festas

E parei na encruzilhada

De meus versos sem destino,

Que escrevo desde menino.

SP. 02/06/2018.

 

-XI-

Para Ruth

Cantador cantei a lua

Desde os tempos de eu menino,

Fosse doce, fosse crua

Minha vida sem destino,

Cantador da velha rua

Em que vi o teu fascino,

Que o tempo não atenua,

Mas o torna mais divino,

Cantador da face tua,

De teu olhar cristalino

Que no meu vive e flutua,

Cantador, sou paladino

De um amor que continua

Sempre eterno e repentino.

SP. 16/06/2018.

 

-XII-

Para Ruth

Anoitece no inverno bem mais cedo,

Após o entardecer frio e chuvoso,

O vento já fustiga este arvoredo

Em frente do escritório, em tom raivoso.

A vontade de estar dentro de casa

É mais forte do que qualquer programa,

Minha imaginação ganha mais asa

E foge de viver o próprio drama.

O tempo da colheita faz-se agora

Das sementes lançadas no passado,

Nas sombras muita imagem se descora

Mas outras tornam tudo iluminado.

Assim meu coração em ti, querida,

Sente a luz que tu pões em minha vida.

SP. 24/06/2018.

 

-XIII-

Para Ruth em seu aniversário

Ao som dos momentos musicais de Schubert – intérprete Jeno Jandó

Eu toquei os momentos musicais

Números um e dois dos seis compostos

De Schubert em pequenos recitais

Antes de ser levado por impostos.

Dediquei-me ao direito tributário,

E a música deixei sem desencanto.

Mas ouço-a quando estou mais solitário

Pois cobre o coração com doce manto.

Sonoridade eu busco nos meus versos,

Saudades dos bons tempos de solista,

Eram meus sentimentos sempre imersos,

Nos grandes mestres de uma imensa lista.

Eu hoje nada toco e mal versejo,

Porem és para mim um belo arpejo.

SP. 01/07/2018.

-XIV-

Férias. Férias e mais férias.

Quinze dias pela frente,

Sem trabalhos, sem matérias.

Tudo agora é diferente.

Sem tarefa é a vez primeira

Que nas férias não terei

De cansar-me na carreira.

Até pareço ser rei.

Minha amada tem-me ao lado

Filha e netos são também

Que Deus me faça achegado

A seu querer para o bem.

Dê-nos, pois, a proteção

No seu grande coração.

Jaguariúna, 02/07/2018.

 

 

-XV-

Quando a Nação descobre que seu mal

Está nos que se dizem competentes

E quando corromper é bem normal

E os vilões morais tornam-se ausentes;

Quando se aplaude a morte em nascituro,

Que assassinar seus filhos é moderno,

Pois não se vê ainda o seu futuro

Que dependente está do amor materno,

Quando se pensa pouco na família

E muito no gozar somente a vida.

Mesmo à custa daqueles que na trilha

São pisados de forma desmedida.

Não se pode falar em liberdade,

Pois o mundo carece da verdade.

 

-XVI-

POBRE BRASIL

O meu país não deslancha,

Os políticos são fracos

Tiram do povo a esperança,

Pondo a nação em buracos.

Enquistados em Brasília

Vivem corporativismo,

São uma furada quilha

De um barco em rota do abismo.

Seus privilégios são tantos,

Enquanto a nação naufraga

Do poder tem os encantos

Que a corrupção afaga.

Pobre gente brasileira!

Que despenca na ladeira.

Jaguariúna 03/07/2018.

-XVII-

EXPERIÊNCIAS

Muitos pensam que os velhos são passado

E precisam apenas de um apoio

Para esperar a morte, que é do lado,

Inúteis para os outros como o joio.

Mal percebem que muitos destes velhos

Fazem bem mais que os jovens mais robustos

Pois têm nas experiências seus espelhos

E levam seu trabalho sem ter sustos.

O corpo velho, mas de jovem mente

É bem mais jovem dos que jovens são

Pois age rápido e bem diferente

Naquilo que os mais jovens não farão.

A pátina do tempo tem valor

E nela o conhecer põe sua cor.

Jaguariúna, 08/07/2018.

 

-XVIII-

NOVE DE JULHO

Hoje São Paulo festeja

A luta pelo Direito,

Foi uma dura peleja

Pra ter da lei seu respeito.

Nove de julho, paulistas

Foram mortos pela história,

Eram almas altruístas

De quem se guarda memória.

Derrotados, mas venceram

Gerando a Suprema Lei

E seus nomes apuseram

Com a nobreza de um rei.

Um sonho bem vale a vida,

Se tem na pátria a medida.

Jaguariúna, 9 de julho de 2018.

 

 

-XIX-

Que saudades do tempo de eu menino

Cujos sonhos mantenho mesmo agora,

Eu sempre achei que fosse meu destino

Por eles batalhar no mundo afora.

Malgrado os resultados serem pobres,

Não deles desistir valeu a pena

Se os fins que se propõe são eles nobres

A vida bem vivida é vida plena.

Os fracassos e os erros são normais

Com vitórias a lida se entrelaça,

Assim erguem-se lindas catedrais

Com pedras, com tijolos e argamassa.

Embora no que faço, pouco valho,

Procuro tudo dar no meu trabalho.

Jaguariúna, 09/07/2018.

 

 

-XX-

Na vida cometemos muitos erros,

Embora com acertos, outras vezes,

Escondemos aqueles nos aterros

Que, em nosso peito, abrimos todos meses.

A luta que travamos, permanente.

Nem por isto desfaz o que é mal feito,

Mas sempre deve ser luta presente

Na busca de vencer todo defeito.

As vitórias se mesclam com fracassos,

Enquanto esgota o tempo da existência,

Assim bem dirigimos nossos passos

Até o dia em que formos ausência.

Eu sei que Deus está a nossa escuta,

Malgrado os erros, vendo nossa luta.

SP, 21/07/2018.

 

-XXI-

60 ANOS

Passa o tempo e não sei o que dizer

De tanto amor que tenho por você,

Só me resta, na vida, agradecer

O bem que já foi feito e que se vê.

A Deus, que é meu Senhor, eu tudo devo

E devo o dom maior do casamento,

Que segue, neste mundo, bem longevo,

Para mim num eterno encantamento.

Amar, como eu a amo, amor tão grande

Que no peito não posso aprisionar

E que, em nossa família, mais se expande,

Tais quais as ondas brancas pelo mar,

Faz-me tão grato em tudo, amada minha,

Que de meu lado sempre assim caminha.

São Paulo, 31/07/2018

-XXII-

UNIVERSO

Eu me pergunto sempre se o universo

Teria ou não teria algum limite

E se limite houvesse bem diverso

Do mundo tal seria. Há quem cogite?

Difícil é descobrir algo sem fim,

Pois há em todo o fim algo depois,

Fronteiras, quando existem, são assim

Porque dividem sempre tudo em dois.

S’ele infinito for, como explicar

No “big bang” a tórrida expansão,

Não me parece fácil de encontrar

Toda a verdade atrás desta amplidão.

De Deus eu só conheço o doce império,

Sem penetrar jamais neste mistério.

SP. 11/08/2018.

XXIII

É tempo de ser sábio e de ser fraco.

A experiência se faz sempre mais forte,

O físico, porém, torna-se opaco

E vive-se só mais conforme a sorte.

O passado a quem sabe pouco importa

Se foi bom, se foi mal já não retorna,

Do fim é cada vez mais perto a porta

E espera-se o martelo na bigorna.

O futuro descobre-se presente,

E vive-se no dia, cada dia,

Os sonhos se desfazem pela mente,

Mas quem sonha renasce na alegria,

É que bem vê que estamos de passagem

E não temos do morrer qualquer blindagem.

SP. 09/09/2018.

XXIV

NO HOSPITAL SÃO JOSÉ

Há tempo para tudo nesta vida.

Desde o tempo que a vida veio à Terra,

Há tempo de chegada e de partida

E tempo qu’é de paz e qu’é de guerra.

Há tempo para amar e p’ra esquecer

E tempo de trabalho e de descanso,

Há tempo de viver e de morrer

E tempo de tormenta e de remanso.

Há tempo de vitória e de derrota

E tempo de prazer e de tristeza,

Há tempo que no tempo não se esgota

E tempo de perder-se em correnteza,

Mas há  tempo qu’é tempo de alegria,

É o tempo que é de Cristo e de Maria.

SP. 12/09/2018.

Ex-presidente da Academia Paulista de Letras.

XXV

Quando um povo não vê o populismo

E acredita em promessas de assaltantes;

Quando governos levam para o abismo

Os sonhos que se fazem mais distantes;

Quando presos comandam dirigentes

Do crime organizado e da política,

Na condução não sendo diferentes

Sem terem da nação nenhuma crítica;

Quando o ganho ilegal é sempre ganho

Dos eleitores tendo um grande apoio

E o querer ao Brasil parece estranho,

Pois se troca o bom trigo pelo joio;

Vai se perdendo aos poucos a esperança

E o mal dos que são maus, no tempo, avança.

SP. 30/09/2018.

XXVI

O tempo dos mais jovens é mais lento,

Mas com a idade vai acelerando

E curto bem parece o comprimento,

Se mede a rapidez de quando em quando.

Para o moço o final não se cogita,

Para o velho o final está bem perto,

Que vê como descanso ou por desdita

Ao lembrar seu passado descoberto.

O jovem pensa a vida ser eterna,

A vida para o velho é sem espaço,

A mocidade longe, o corpo inverna

E fica mais cruel a cada passo.

Somente em Deus encontra seu carinho

E a certeza que segue o bom caminho.

Jaguariúna,  12/10/2018.

XXVII

Por mais que o tempo passe a minha amada

E sempre bela é sempre o meu amor,

Meu corpo já se esconde atrás do nada

O coração, porém, tem seu calor.

A luta que vivemos, lado a lado,

Os sonhos que sonhamos, desde cedo,

Os anos que deixamos no passado

Num grande amor eterno e sem segredo.

Dificuldades muitas quem não teve?

Mas sempre acreditando em nosso Deus,

Pois Deus com sua pena, assim escreve

O destino daqueles que são seus.

Amada minha, amada tão querida,

Por ter-te junto a mim valeu a vida.

Jaguariúna, 12/10/2018.

XXVIII

Para Ruth

Este soneto eu faço no escritório

De meu apartamento, após o banho

Meu tempo, quando é noite, é tempo inglório,

Pois o que está distante não arranho.

Por hábito versejo. Faz-me bem.

Ninguém há de entender porque versejo,

A qualidade fica sempre aquém,

Mas segue em minha lida seu cortejo.

Os temas, eu não tenho há longos anos,

Não sei mais o que seja inspiração,

A métrica passou por tantos danos,

Embora a cultivasse, mas em vão.

Meu único consolo és tu, querida,

Destino de meus versos, toda a vida.

SP. 20/10/2018.

XXIX

TONINHO

Os caminhos de Deus não poucas vezes

Parecem bem difíceis de entender,

Pois passam desde Cristo, anos e meses,

Com dores, nos instantes de morrer.

É Deus, porém, que tudo descortina

E sabe de seus filhos o momento,

Em que na vida eterna bem destina

O prêmio que desfaz o sofrimento.

Assim pelo que fez, nosso Toninho

Está nos braços santos do Senhor,

Pois, na terra, foi este o seu caminho,

Que regou com pureza e com amor.

Embora sua ausência é bem sentida,

Para Deus bem valeu a sua vida.

SP. 22/10/2018.

XXX

A luta, pela vida, dá sentido

Àqueles que o servir é sua cena,

Vitória, ingratidão ou ser vencido,

Pouco importa, servir bem vale a pena.

Os que vivem apenas para si

Em busca de dinheiro ou de poder,

Pisando sobre os outros, cá ou ali,

E aqueles que só pensam no prazer,

Escravizados são de seus apegos,

Pois desconhecem a plena liberdade.

Perante a morte, trêmulos e cegos,

Descobrirão a própria nulidade.

Não dar qualquer valor, na vida, à sorte,

E servir, livremente, faz o forte.

SP. 28/10/2018.

POEMA PARA A ACADEMIA PAULISTA DE LET...

Poema para a Academia Paulista de Letras Jurídicas

I

Esta minha Academia

Com seus oitenta lugares

Faz do Direito a alegria

E o coloca em seus altares.

II

Quando o Direito enfraquece,

Pelo Poder pisoteado,

Sua voz torna-se prece,

Na defesa do bom lado.

III

Os caminhos do Direito

Mais os sonhos de Justiça

Para ser o mal desfeito

É parte de sua liça.

IV

Quais cavaleiros andantes

Seus oitenta lutadores,

Buscam as metas distantes

Da moral e seus valores.

V

Não temem os poderosos,

Pois acreditam no bem,

Por caminhos pedregosos,

Lutam por fins muito além.

VI

São astronautas do espaço

Do Direito para cima,

Pois o certo a cada passo,

Tem no justo sua rima.

VII

Os oitenta cavaleiros

Desta Cruzada moral

São eternos sinaleiros

No combate contra o mal.

VIII

Do Direito são seus mestres,

No Brasil bem conhecidos,

Nos cenários mais agrestes

Dão à vida seus sentidos.

IX

Minha linda Academia

Com seus oitenta ocupantes

Vivem constante porfia

Tanto agora, como dantes.

X

Quando ausente eu for um dia

Sei qu’um outro há de ocupar

Nesta minha Academia

O meu posto neste altar.

XI

Minha eterna Academia

Das Letras do Bom Direito

Na luta do dia a dia,

O justo torna perfeito.

XII

Minha Casa dos Paulistas

Que labutam nesta esteira,

No coração treze listras

Mantém de sua bandeira.

XIII

Minha bela Academia

Com seus oitenta juristas,

Em nossa democracia

São os heróis dos paulistas.

Jaguariúna, 13/10/2018

QUADRAS 2018

QUADRAS 2018

-I-

 

PARA O DIA DA SAUDADE

Ah! Que saudades que tenho

De um tempo sem ter saudades,

Na vida com pouco empenho,

Vendo o mundo sem maldades.

SP. 30/01/2018.

-II-

Pelo Dia Internacional da Mulher.

                   Para Ruth

Meu amor intemporal,

Faz-me de ti seu amante,

Tem força de temporal

E nunca fica distante.

SP. 08/03/2018.

-III-

PARA MINHAS COLABORADORAS.

Pelo Dia Internacional da Mulher.

Minhas belas auxiliares,

Sempre amigas de meu lado,

No escritório são seus ares

Que geram nosso bom fado.

08/03/2018.

-IV-

O TIMECO DO LECO

Bem merece um peteleco

Este horroroso timeco

Descoberto pelo Leco

Dos outros times, boneco.

SP. 18/03/2018.

-V-

VERA

O tempo que nunca espera

Fez bem chegar o seu dia

Da queridíssima Vera,

Que agora aniversaria.

Beijos dos padrinhos Ruth e Ives.

21/03/2018.

-VI-

Na FIESP

Em homenagem à Camargo,

Eu nunca falo de cor,

Mesmo sendo assunto amargo,

Espero um Brasil melhor.

Na palestra do dia 15/04/2018.

-VII-

De tanto cantar meu canto

Já não sei quando o repito,

Apesar do desencanto,

Contra o mal eu sempre grito.

São Paulo, 19/05/2018.

-VIII-

Para Ruth

Sempre volto ao mesmo tema,

Quando moço e mais idoso,

Minha amada, em meu poema,

Faz o mundo esplendoroso.

São Paulo, 26/05/2018.

-IX-

Não dar importância à vida,

Nem com glória se importar,

Ser honesto pela lida,

A ataques pouco ligar.

SP. 02/06/2018.

-X-

Quando entardece no inverno,

O vento frio aborrece,

Com “pull-over” e com terno,

Na Igreja faz-se uma prece.

SP. 02/06/83

-XI-

Escrever é uma moléstia

Incurável, sem remédio,

Mesmo o escrito com modéstia

Ao autor não causa tédio.

SP 02/06/82.

-XII-

Mais uma quadra refaço,

Neste final de descanso,

Escrevo no branco espaço

Do papel que a tinta lanço.

SP. 16/06/2018.

-XIII-

Meu querido neto André

Reclama na minha sala

Da vitrola, mas de pé

Vai embora e pega a mala.

SP. 17/06/2018.

-XIV-

Para Ruth

No jardim cheio de estrelas

Vi teu retrato na lua

E quando pude retê-las

Eu retive a imagem tua.

SP. 22/06/2018.

-XV-

Para Ruth

Cansado de estar cansado,

Cansei-me de me cansar,

Cansaço se põe de lado

Pois não me canso de amar.

         SP. 23/06/2018.

-XVI-

I

Sinto saudades do tempo

Em que lutava com raça,

Passa a vida como o vento

Mas teu encanto não passa.

II

Sou bem velho, mas sou moço

Num coração que se vê,

O meu amor tem endosso

Transferido pra você.

SP. 01/07/2018.

-XVII-

A noite cai bem serena

À distância vejo luz,

E mais distante uma antena

Que bem parece uma cruz.

02/07/2018.

-XVIII-

É um cachimbo, um cachimbo

Magrite pôs em pintura

A frase tem seu carimbo

Com alguma formosura.

Jaguariúna, 02/07/2018.

-XIX-

Para Ruth

I

Depois da sauna um bom banho

E um notável bem estar,

Sem trabalho, fico estranho

Mas não paro de te amar.

II

Deslizo pelos oitenta

Com desconforto por vezes,

Nesta idade não se inventa,

Os anos parecem meses.

Jaguariúna, 03/07/2018.

-XX-

Meu tempo faz-se presente,

Só por ti querida amada,

Mesmo quando estás ausente

Pois tua imagem é guardada.

Jaguariúna, 04/07/2018.

-XXI-

Fim do dia ensolarado,

Nem parece ser inverno,

Tenho Ruth de meu lado

E tudo se faz eterno.

Jaguariúna, 04/07/2018.

-XXII-

I

O Brasil foi derrotado

Teve peso e pouca sorte,

Vive as glórias do passado

Mas o presente é de morte.

II

Eu não sei mais versejar

Repito temas e versos,

Mas a Ruth eu sei amar

Nosso amor vale universos.

Jaguariúna, 06/07/2018.

-XXIII-

Piscina

 

O sol bate na piscina,

Mas a piscina está fria,

Vou a sauna bem na esquina

De minha casa vazia.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXIV-

Ruth

 

Muito papel sobre a mesa

Muito escrevo e pouco digo

Sou feliz co’a  alma presa,

Por estar sempre contigo.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXV-

Ruth

O panorama que vejo,

Neste meu pobre recanto

É belo como teu beijo,

Pois descobre teu encanto.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXVI-

Para Ruth

Estou de roupa vermelha

Nas férias, uso um abrigo,

Por cima, eu enxergo a telha

E, ao lado, eu estou contigo.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXVII-

No tempo das caravelas

Havia monstros no mar,

E naufrágios nas procelas,

Que não se sabe contar.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXVIII-

No tempo dos cavaleiros,

As donzelas nas sacadas,

Protegidas por arqueiros,

Sonhavam sonhos de fadas.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXIX-

No tempo das caravelas,

Nos portos, ruas estreitas,

Tinham luzes amarelas

Sem brilhar e rarefeitas.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXX-

No tempo das caravelas,

Não havia mais jograis,

Que cantavam pra donzelas,

Nos castelos medievais.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXXI-

Na mesa branca da sala.

Eu escrevo sem parar

Escritos não tem escala,

Nem fronteiras como o mar.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXXII-

Neste livreto eu bem ponho,

Meu amor de tantos anos

Ruth pra mim é meu sonho,

Numa vida sem enganos.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXXIII-

No tempo dos cavaleiros,

As liças eram mortais,

Até mesmo os escudeiros

Tinham lutas corporais.

-XXXIV-

No tempo dos cavaleiros

Existiam cavalgadas

E, nos cavalos, guerreiros

Brandiam suas espadas.

-XXXV-

O tempo dos cavaleiros,

Foi também o das Cruzadas,

Dos nobres eram herdeiros

Nas batalhas e caçadas.

-XXXVI-

No tempo dos cavaleiros,

Eram sangrentas as guerras,

Forjavam em fogareiros

As lanças em suas terras.

-XXXVII-

No tempo dos cavaleiros,

Cantavam os cantadores

Os seus feitos derradeiros

Assim como seus amores.

-XXXVIII-

No tempo dos cavaleiros,

Lá sonhei ter meu destino,

Tendo por meus companheiros

Os meus heróis de menino.

-XXXIX-

Dois cadernos quero dar,

Para Ruth nos sessenta,

Para assim comemorar

Nossa data sem tormenta.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XL-

Quanto mais me vejo fraco,

Mais em Deus eu acredito,

Pois N’Ele a soberba aplaco

E faço o mal ser prescrito.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XLI-

A noite chega bem perto,

Desaparecem as luzes,

O céu é um negro deserto

Onde se escondem as cruzes.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XLII-

Minha rua de eu menino

Tinha, muitas vezes, bonde,

Nela via meu destino

Que não sei onde se esconde.

Jaguariúna, 09/02/2018.

-XLIII-

Quadra do dia

Oh querida Ana Regina,

Psicanalista de escol,

O teu olhar de menina

É brilhante como o sol.

SP., 19/07/2018.

-XLIV-

Vivemos dias estranhos

Crápulas em profusão

Têm nos roubos muitos ganhos

Mas à custa da nação.

SP. 22/07/2018.

-XLV-

Os meus sonhos de menino

Não os perco no Brasil,

Os bons farão seu destino

De afastar o poder vil.

SP. 22/07/2018.

-XLVI-

PARA MINHA SECRETÁRIA

 

A sempre jovem Marlene

Ontem fez aniversário,

No trabalho, que se encene

O seu toque já lendário.

SP, 23/07/2018.

-XLVII-

Como nos tempos de antanho,

De mãos dadas sempre estamos,

Nosso amor não tem tamanho,

Sendo os Santos nossos amos.

28/07/2018.

-XLVIII-

Quando os tempos são da lua

O coração é mais belo,

Pois nele a imagem é tua,

Num colorido amarelo.

SP. 28/07/2018.

-XLIX-

Eu sempre as quadras bem faço,

Mal escritas de improviso,

Penetro assim meu espaço

Em busca de teu sorriso.

11/08/2018.

-L-

Quanto mais escrevo assim

Tanto mais assim me sinto,

Quero ter perto de mim

O teu olhar tão distinto.

SP. 11/08/2018.

 LI

Que frio faz este inverno,

Que saudades do calor!

Não é, felizmente, eterno,

Mas tem do cinzento a cor.

SP. 09/09/2018.

LII

Peço a sua intercessão

Minha Mãe formosa e linda,

É de ti meu coração,

Pelo tempo mais ainda.

SP. 09/09/2018.

 

 

LIII

Os astronautas no espaço

Encontram astros no escuro,

Os versos são nosso passo

Com claridão no futuro.

SP., 13/09/2018.

LIV

Para Ruth

Há tanto tempo teus olhos,

Eu os amo intensamente,

São os dois, dois escolhos,

Onde encalho docemente.

SP. 13/09/2018.

LV

No tempo dos sonhos mil

A vida faz-se mais leve

Ninguém se torna senil

E nem o viver é breve.

LVI

No tempo dos astronautas

Os espaços siderais

Tornam as vidas incautas

Semelhante aos samurais.

LVII

No tempo dos navegantes

Os mares eram bravios

E as terras muito distantes

Tinham invernos e estios.

LVIII

No tempo da Idade Média

Havia muitos escravos,

Não havia enciclopédia,

Mas uns cavaleiros bravos.

LIX

No tempo da Grécia antiga

Os deuses eram normais,

Mas eterna a sua briga,

Sendo alguns bem imorais.

LX

No tempo do velho Egito,

Os deuses eram sangrentos

E a história tornou-se mito

Com descobertas e inventos.

LXI

No tempo da Babilônia,

Mulheres eram impuras

E os homens tinham insônia

Durante as noites escuras.

LXII

No tempo do Império assírio,

As guerras eram ferozes

Sem flores, nem mesmo lírio,

Só gritos eram as vozes.

LXIII

E no tempo dos romanos,

Vencidos eram os escravos

Mesmo sendo soberanos

Ou até guerreiros bravos.

LXIV

No tempo do iluminismo

Todos pensavam ser gênios

Porém o seu raquitismo

Mostrou serem ingênuos.

LXV

No tempo dos fins dos tempos,

Pouco tempo há de buscar,

Haverá trovões e ventos

E maremotos no mar.

Jaguariúna, 12/10/2018.

LXVI

No tempo dos impossíveis

Tudo é possível fazer,

Não há padrão, nem há níveis,

Só não se pode morrer.

Jaguariúna, 13/10/2018.

LXVII

No tempo das grandes naves

Meus sonhos foram além

Lembraram elas as aves

Num eterno vai e vem.

SP. 21/10/2018.

 

LXVIII

 

No tempo dos literatos,

Os versos correm no espaço,

Tais correntes ou regalos,

Marcando do mundo o passo.

SP. 21/10/2018.

 

LXIX

 

No tempo da fantasia

Imagens brotam constantes,

Os sonhos dão alegria,

Tristezas ficam distantes.

SP. 21/10/2018.

LXX

 

No tempo dos samurais

As lutas eram por glória

As mortes sempre brutais

Marcavam a sua história.

SP. 21/10/2018.

LXXI

 

No tempo da China antiga

Já chineses eram tantos

Que ninguém que os contradiga

Conhece bem seus recantos.

SP., 22/10/2018.

LXXII

 

No tempo dos mil castelos,

Havia lindas princesas,

Por elas muitos duelos

E combates sem surpresas.

SP. 22/10/2018.

LXXIII

 

No tempo dos beduínos

Viviam sempre de tendas,

Cantavam os próprios hinos

Repletos de suas lendas.

SP 21/10/2018.

LXXIV

 

Nos meus tempos de menino

Sonhava sonhos de herói

E vivia meu destino

Como só o jovem sói.

SP. 21/10/2018.

LXXV

 

No tempo da diligências

Ser cowboy era ser forte,

Não havia complacência,

Duelos eram de morte.

SP.21/10/2018.

LXXVI

 

E no tempo dos fantasmas

E dos monstros do cinema

Os terríveis cataplasmas

Desfiguravam o tema.

SP. 21/10/2018.

LXXVII

 

No tempo dos bons guerreiros,

Mas cruéis de coração,

Aldeias em fogareiros

Ardiam por sua ação.

SP. 21/10/2018.

LXXVIII

 

No tempo dos bandeirantes

Os rios eram caminhos,

Andando em terras distantes,

Entre florestas e espinhos.

SP. 21/10/2018.

LXXIX

 

No tempo de Harum Rachid

Os mouros eram candentes,

Mas um dia o grande Cid

Tornou os seus mais valentes.

SP. 21/10/2018.

LXXX

 

No tempo dos portugueses

O mundo ficou maior

Girando a terra por vezes,

Com o seu mapa decor.

SP. 21/10/2018.

LXXXI

 

No tempo dos mil afetos

Todo o mundo quer amor,

Nem sempre caminhos retos,

Seguem quem tem este ardor.

SP. 21/10/2018.

LXXXII

 

No tempo dos parlamentos

Teve o povo a sua voz,

Mas nem sempre estes momentos

Deram alegria após.

SP. 21/10/2018.

LXXXIII

 

No tempo das muitas lendas

Só uma me traz a vida,

Pois desconhece contendas,

Por seres de mim querida.

SP. 21/10/2018.

SONETOS ALÉM DO TEMPO

SONETOS ALÉM DO TEMPO

 2018

 

-I-

O tempo mostra à vida o seu tamanho

E a dimensão exata do que somos,

O livro que escrevemos, mesmo estranho,

Poderá ter —quem sabe?—  muitos tomos.

Quando jovens a morte não é tema,

Quando velhos sentimos a presença.

Fizemos, pelos anos, nosso esquema

Com certezas e, às vezes, com descrença.

Embora tudo gere mais cansaço,

De tudo temos mais conhecimento

E sabemos qual é o nosso espaço,

Que não tem, nesta idade, mais aumento.

É feliz quem a si não dá valor

E oferta para os seus somente amor.

SP, 16/01/2018.

 

-II-

A inspiração no tempo é diferente.

Na juventude a vida é só romance,

Na mocidade sonha toda gente

Que uma grande aventura cria o lance.

Na madureza, corre uma esperança

Que a velhice se encontr’inda  distante,

Porém se bem mais forte, o esforço cansa

E os desejos já não são mais de infante.

Por fim, aos poucos, a senilidade

A tudo dificulta, todo o dia.

Memória do passado dá saudade

E a perda dos amigos faz a via.

Mas quem em Deus desvenda seu carinho,

Descobre como é belo este caminho.

SP, 22/01/2018.

 

-III-

PARA RUTH NO ANIVERSÁRIO DA ANGELA

Há tanto tempo que eu te quero tanto,

Há tanto tempo tu me queres bem,

Por tanto amor o quanto de meu canto

Fica meu canto sempre muito aquém.

São décadas e décadas de amor,

Que sem sentir o tempo vem e passa,

Nesta paixão há sempre muita cor

Num sonho que se bebe em linda taça.

És ponte da família para Deus,

Que atravessamos sempre bem felizes,

Tu pedes ao Senhor por todos seus

E nós todos seguimos o que dizes.

Há tanto tempo que eu te quero tanto

Que meu amor não cabe neste canto.

SP, 09/02/2018.

 

-IV-

Para a tatuagem de minha neta Fernanda.

Uma espada cravada em coração,

Que responde com flores, como o sândalo,

Perfumando, se um golpe leva-o ao chão,

O que parece ser mais do que escândalo.

Assim Cristo pediu pelos algozes,

Como o sândalo augusto perfumando

As machadadas frias e sem vozes,

Ao modo dos cristãos de quando em quando.

A tatuage’está na minha neta,

Não é nem muito grande, nem pequena,

As minhas eu as tenho, pobre asceta,

As rugas da velhice, em tez serena.

Fernanda, eu amo a filha de uma filha,

Que torna sempre alegre esta família.

Jaguariúna, 11/02/2018.

-V-

Para Ruth

Buscando teu amor, todos os dias,

Todos os dias, vivo de teu lado,

São mesmo quando tensos, de alegrias,

Num tempo que se passa não notado.

Os ossos degeneram pela idade,

O andar mais arrastado faz-se lento,

Se tenho do pretérito saudade,

A velhice jamais eu a lamento.

O meu amor, porém, é sempre moço,

É sempre grande e sempre sem tropeço,

Pois tiro do mais fundo de meu poço

O sonho que por ti nunca tem preço.

Querer-te traz à vida segurança,

Que só por tua causa é que se alcança.

SP., 10/03/2018.

-VI-

Soneto da Senilidade

Quando digo que estou já bem senil,

Criticam-me dizendo de meu erro,

Pois falo, pois escrevo em tom viril,

Nas palavras o mal pondo em desterro.

O certo, todavia, é que a cabeça

Não envelhece, mas o corpo sim,

Embora ser senil não me aborreça,

As flores já são raras no jardim.

O coração, porém, sempre combate

O que de podre existe no país

E, se não há do bem qualquer resgate,

Nem por isto abandono a diretriz.

Como árvores que morrem sempre em pé,

Irei até o fim com minha fé.

SP. 17/03/2018.

 

-VII-

Para Ruth

A pele mostra as rugas pelo tempo,

Tornando o qu’era belo em feia estampa,

A vida nunca foi um passatempo,

Pois para o fim se desce pela rampa.

A velhice desfaz qualquer imagem,

E muitas vezes fere o próprio amor,

O passado transforma-se em miragem

E o presente se perde sem calor.

O coração, porém, quando se ancora

Num querer permanente é sempre moço

Sem crepúsculo ou noite, mas aurora,

Descortinada num formoso esboço.

Assim sou eu, eterno apaixonado,

Feliz por tê-la, Ruth, de meu lado.

SP. 14/04/2018.

 

-VIII-

Mais um retiro com Deus.

Todos os anos os faço.

Nele peço pelos meus,

Pois na agenda há sempre espaço.

Renovo as forças que tenho,

Mesmo poucas, vejo luz,

Relembro o pesado lenho

Que Cristo teve por cruz.

Meus valores permanentes,

Ruth, filhos e a família,

Meus amigos, são meus entes,

Que tornam leve esta trilha.

Este caminho, Senhor,

Por ti, foi feito de amor.

Aroeira, 21/04/2018.

 

-IX-

Para Ruth

A velhice bem vale um coração,

Se o coração bem jovem permanece,

As rugas com a morte morrerão

E o amor nele gerado faz-se prece.

O querer não tem forma de pregão,

Que a qualquer um se entrega na quermesse,

Sem ter pureza o esforço faz-se vão,

Pois a quem ama apenas se oferece.

A velhice é detalhe sem relevo,

Que não torna jamais a mocidade

Menos presente, mesmo se longevo

O caminhar dos anos pela idade,

Por isto este soneto a ti escrevo,

Para mim sendo eterna divindade.

SP.28/05/2018.

 

 

-X-

SEM DESTINO

Empinei meus papagaios

Para ver as caravelas,

Que desenho em meus ensaios,

Pelas ruas paralelas.

Eu descubro assim os astros

Ao noturno contemplar,

Vi estrelas sobre os mastros

No meu barco pelo mar.

Penetrei pelas florestas

Sem alforje, sem espada,

Dos nativos vi as festas

E parei na encruzilhada

De meus versos sem destino,

Que escrevo desde menino.

SP. 02/06/2018.

 

-XI-

Para Ruth

Cantador cantei a lua

Desde os tempos de eu menino,

Fosse doce, fosse crua

Minha vida sem destino,

Cantador da velha rua

Em que vi o teu fascino,

Que o tempo não atenua,

Mas o torna mais divino,

Cantador da face tua,

De teu olhar cristalino

Que no meu vive e flutua,

Cantador, sou paladino

De um amor que continua

Sempre eterno e repentino.

SP. 16/06/2018.

 

-XII-

Para Ruth

Anoitece no inverno bem mais cedo,

Após o entardecer frio e chuvoso,

O vento já fustiga este arvoredo

Em frente do escritório, em tom raivoso.

A vontade de estar dentro de casa

É mais forte do que qualquer programa,

Minha imaginação ganha mais asa

E foge de viver o próprio drama.

O tempo da colheita faz-se agora

Das sementes lançadas no passado,

Nas sombras muita imagem se descora

Mas outras tornam tudo iluminado.

Assim meu coração em ti, querida,

Sente a luz que tu pões em minha vida.

SP. 24/06/2018.

 

-XIII-

Para Ruth em seu aniversário

Ao som dos momentos musicais de Schubert – intérprete Jeno Jandó

Eu toquei os momentos musicais

Números um e dois dos seis compostos

De Schubert em pequenos recitais

Antes de ser levado por impostos.

Dediquei-me ao direito tributário,

E a música deixei sem desencanto.

Mas ouço-a quando estou mais solitário

Pois cobre o coração com doce manto.

Sonoridade eu busco nos meus versos,

Saudades dos bons tempos de solista,

Eram meus sentimentos sempre imersos,

Nos grandes mestres de uma imensa lista.

Eu hoje nada toco e mal versejo,

Porem és para mim um belo arpejo.

SP. 01/07/2018.

-XIV-

Férias. Férias e mais férias.

Quinze dias pela frente,

Sem trabalhos, sem matérias.

Tudo agora é diferente.

Sem tarefa é a vez primeira

Que nas férias não terei

De cansar-me na carreira.

Até pareço ser rei.

Minha amada tem-me ao lado

Filha e netos são também

Que Deus me faça achegado

A seu querer para o bem.

Dê-nos, pois, a proteção

No seu grande coração.

Jaguariúna, 02/07/2018.

 

 

-XV-

Quando a Nação descobre que seu mal

Está nos que se dizem competentes

E quando corromper é bem normal

E os vilões morais tornam-se ausentes;

Quando se aplaude a morte em nascituro,

Que assassinar seus filhos é moderno,

Pois não se vê ainda o seu futuro

Que dependente está do amor materno,

Quando se pensa pouco na família

E muito no gozar somente a vida.

Mesmo à custa daqueles que na trilha

São pisados de forma desmedida.

Não se pode falar em liberdade,

Pois o mundo carece da verdade.

 

-XVI-

POBRE BRASIL

O meu país não deslancha,

Os políticos são fracos

Tiram do povo a esperança,

Pondo a nação em buracos.

Enquistados em Brasília

Vivem corporativismo,

São uma furada quilha

De um barco em rota do abismo.

Seus privilégios são tantos,

Enquanto a nação naufraga

Do poder tem os encantos

Que a corrupção afaga.

Pobre gente brasileira!

Que despenca na ladeira.

Jaguariúna 03/07/2018.

-XVII-

EXPERIÊNCIAS

Muitos pensam que os velhos são passado

E precisam apenas de um apoio

Para esperar a morte, que é do lado,

Inúteis para os outros como o joio.

Mal percebem que muitos destes velhos

Fazem bem mais que os jovens mais robustos

Pois têm nas experiências seus espelhos

E levam seu trabalho sem ter sustos.

O corpo velho, mas de jovem mente

É bem mais jovem dos que jovens são

Pois age rápido e bem diferente

Naquilo que os mais jovens não farão.

A pátina do tempo tem valor

E nela o conhecer põe sua cor.

Jaguariúna, 08/07/2018.

 

-XVIII-

NOVE DE JULHO

Hoje São Paulo festeja

A luta pelo Direito,

Foi uma dura peleja

Pra ter da lei seu respeito.

Nove de julho, paulistas

Foram mortos pela história,

Eram almas altruístas

De quem se guarda memória.

Derrotados, mas venceram

Gerando a Suprema Lei

E seus nomes apuseram

Com a nobreza de um rei.

Um sonho bem vale a vida,

Se tem na pátria a medida.

Jaguariúna, 9 de julho de 2018.

 

 

-XIX-

Que saudades do tempo de eu menino

Cujos sonhos mantenho mesmo agora,

Eu sempre achei que fosse meu destino

Por eles batalhar no mundo afora.

Malgrado os resultados serem pobres,

Não deles desistir valeu a pena

Se os fins que se propõe são eles nobres

A vida bem vivida é vida plena.

Os fracassos e os erros são normais

Com vitórias a lida se entrelaça,

Assim erguem-se lindas catedrais

Com pedras, com tijolos e argamassa.

Embora no que faço, pouco valho,

Procuro tudo dar no meu trabalho.

Jaguariúna, 09/07/2018.

 

 

-XX-

Na vida cometemos muitos erros,

Embora com acertos, outras vezes,

Escondemos aqueles nos aterros

Que, em nosso peito, abrimos todos meses.

A luta que travamos, permanente.

Nem por isto desfaz o que é mal feito,

Mas sempre deve ser luta presente

Na busca de vencer todo defeito.

As vitórias se mesclam com fracassos,

Enquanto esgota o tempo da existência,

Assim bem dirigimos nossos passos

Até o dia em que formos ausência.

Eu sei que Deus está a nossa escuta,

Malgrado os erros, vendo nossa luta.

SP, 21/07/2018.

 

-XXI-

60 ANOS

Passa o tempo e não sei o que dizer

De tanto amor que tenho por você,

Só me resta, na vida, agradecer

O bem que já foi feito e que se vê.

A Deus, que é meu Senhor, eu tudo devo

E devo o dom maior do casamento,

Que segue, neste mundo, bem longevo,

Para mim num eterno encantamento.

Amar, como eu a amo, amor tão grande

Que no peito não posso aprisionar

E que, em nossa família, mais se expande,

Tais quais as ondas brancas pelo mar,

Faz-me tão grato em tudo, amada minha,

Que de meu lado sempre assim caminha.

São Paulo, 31/07/2018

-XXII-

UNIVERSO

Eu me pergunto sempre se o universo

Teria ou não teria algum limite

E se limite houvesse bem diverso

Do mundo tal seria. Há quem cogite?

Difícil é descobrir algo sem fim,

Pois há em todo o fim algo depois,

Fronteiras, quando existem, são assim

Porque dividem sempre tudo em dois.

S’ele infinito for, como explicar

No “big bang” a tórrida expansão,

Não me parece fácil de encontrar

Toda a verdade atrás desta amplidão.

De Deus eu só conheço o doce império,

Sem penetrar jamais neste mistério.

SP. 11/08/2018.

XXIII

É tempo de ser sábio e de ser fraco.

A experiência se faz sempre mais forte,

O físico, porém, torna-se opaco

E vive-se só mais conforme a sorte.

O passado a quem sabe pouco importa

Se foi bom, se foi mal já não retorna,

Do fim é cada vez mais perto a porta

E espera-se o martelo na bigorna.

O futuro descobre-se presente,

E vive-se no dia, cada dia,

Os sonhos se desfazem pela mente,

Mas quem sonha renasce na alegria,

É que bem vê que estamos de passagem

E não temos do morrer qualquer blindagem.

SP. 09/09/2018.

XXIV

NO HOSPITAL SÃO JOSÉ

Há tempo para tudo nesta vida.

Desde o tempo que a vida veio à Terra,

Há tempo de chegada e de partida

E tempo qu’é de paz e qu’é de guerra.

Há tempo para amar e p’ra esquecer

E tempo de trabalho e de descanso,

Há tempo de viver e de morrer

E tempo de tormenta e de remanso.

Há tempo de vitória e de derrota

E tempo de prazer e de tristeza,

Há tempo que no tempo não se esgota

E tempo de perder-se em correnteza,

Mas há  tempo qu’é tempo de alegria,

É o tempo que é de Cristo e de Maria.

SP. 12/09/2018.

Ex-presidente da Academia Paulista de Letras.

XXV

Quando um povo não vê o populismo

E acredita em promessas de assaltantes;

Quando governos levam para o abismo

Os sonhos que se fazem mais distantes;

Quando presos comandam dirigentes

Do crime organizado e da política,

Na condução não sendo diferentes

Sem terem da nação nenhuma crítica;

Quando o ganho ilegal é sempre ganho

Dos eleitores tendo um grande apoio

E o querer ao Brasil parece estranho,

Pois se troca o bom trigo pelo joio;

Vai se perdendo aos poucos a esperança

E o mal dos que são maus, no tempo, avança.

SP. 30/09/2018.

XXVI

O tempo dos mais jovens é mais lento,

Mas com a idade vai acelerando

E curto bem parece o comprimento,

Se mede a rapidez de quando em quando.

Para o moço o final não se cogita,

Para o velho o final está bem perto,

Que vê como descanso ou por desdita

Ao lembrar seu passado descoberto.

O jovem pensa a vida ser eterna,

A vida para o velho é sem espaço,

A mocidade longe, o corpo inverna

E fica mais cruel a cada passo.

Somente em Deus encontra seu carinho

E a certeza que segue o bom caminho.

Jaguariúna,  12/10/2018.

XXVII

Por mais que o tempo passe a minha amada

E sempre bela é sempre o meu amor,

Meu corpo já se esconde atrás do nada

O coração, porém, tem seu calor.

A luta que vivemos, lado a lado,

Os sonhos que sonhamos, desde cedo,

Os anos que deixamos no passado

Num grande amor eterno e sem segredo.

Dificuldades muitas quem não teve?

Mas sempre acreditando em nosso Deus,

Pois Deus com sua pena, assim escreve

O destino daqueles que são seus.

Amada minha, amada tão querida,

Por ter-te junto a mim valeu a vida.

Jaguariúna, 12/10/2018.

XXVIII

Para Ruth

Este soneto eu faço no escritório

De meu apartamento, após o banho

Meu tempo, quando é noite, é tempo inglório,

Pois o que está distante não arranho.

Por hábito versejo. Faz-me bem.

Ninguém há de entender porque versejo,

A qualidade fica sempre aquém,

Mas segue em minha lida seu cortejo.

Os temas, eu não tenho há longos anos,

Não sei mais o que seja inspiração,

A métrica passou por tantos danos,

Embora a cultivasse, mas em vão.

Meu único consolo és tu, querida,

Destino de meus versos, toda a vida.

SP. 20/10/2018.

XXIX

TONINHO

Os caminhos de Deus não poucas vezes

Parecem bem difíceis de entender,

Pois passam desde Cristo, anos e meses,

Com dores, nos instantes de morrer.

É Deus, porém, que tudo descortina

E sabe de seus filhos o momento,

Em que na vida eterna bem destina

O prêmio que desfaz o sofrimento.

Assim pelo que fez, nosso Toninho

Está nos braços santos do Senhor,

Pois, na terra, foi este o seu caminho,

Que regou com pureza e com amor.

Embora sua ausência é bem sentida,

Para Deus bem valeu a sua vida.

SP. 22/10/2018.

SONETOS ALÉM DO TEMPO

SONETOS ALÉM DO TEMPO

 2018

 

-I-

O tempo mostra à vida o seu tamanho

E a dimensão exata do que somos,

O livro que escrevemos, mesmo estranho,

Poderá ter —quem sabe?—  muitos tomos.

Quando jovens a morte não é tema,

Quando velhos sentimos a presença.

Fizemos, pelos anos, nosso esquema

Com certezas e, às vezes, com descrença.

Embora tudo gere mais cansaço,

De tudo temos mais conhecimento

E sabemos qual é o nosso espaço,

Que não tem, nesta idade, mais aumento.

É feliz quem a si não dá valor

E oferta para os seus somente amor.

SP, 16/01/2018.

 

-II-

A inspiração no tempo é diferente.

Na juventude a vida é só romance,

Na mocidade sonha toda gente

Que uma grande aventura cria o lance.

Na madureza, corre uma esperança

Que a velhice se encontr’inda  distante,

Porém se bem mais forte, o esforço cansa

E os desejos já não são mais de infante.

Por fim, aos poucos, a senilidade

A tudo dificulta, todo o dia.

Memória do passado dá saudade

E a perda dos amigos faz a via.

Mas quem em Deus desvenda seu carinho,

Descobre como é belo este caminho.

SP, 22/01/2018.

 

-III-

PARA RUTH NO ANIVERSÁRIO DA ANGELA

Há tanto tempo que eu te quero tanto,

Há tanto tempo tu me queres bem,

Por tanto amor o quanto de meu canto

Fica meu canto sempre muito aquém.

São décadas e décadas de amor,

Que sem sentir o tempo vem e passa,

Nesta paixão há sempre muita cor

Num sonho que se bebe em linda taça.

És ponte da família para Deus,

Que atravessamos sempre bem felizes,

Tu pedes ao Senhor por todos seus

E nós todos seguimos o que dizes.

Há tanto tempo que eu te quero tanto

Que meu amor não cabe neste canto.

SP, 09/02/2018.

 

-IV-

Para a tatuagem de minha neta Fernanda.

Uma espada cravada em coração,

Que responde com flores, como o sândalo,

Perfumando, se um golpe leva-o ao chão,

O que parece ser mais do que escândalo.

Assim Cristo pediu pelos algozes,

Como o sândalo augusto perfumando

As machadadas frias e sem vozes,

Ao modo dos cristãos de quando em quando.

A tatuage’está na minha neta,

Não é nem muito grande, nem pequena,

As minhas eu as tenho, pobre asceta,

As rugas da velhice, em tez serena.

Fernanda, eu amo a filha de uma filha,

Que torna sempre alegre esta família.

Jaguariúna, 11/02/2018.

-V-

Para Ruth

Buscando teu amor, todos os dias,

Todos os dias, vivo de teu lado,

São mesmo quando tensos, de alegrias,

Num tempo que se passa não notado.

Os ossos degeneram pela idade,

O andar mais arrastado faz-se lento,

Se tenho do pretérito saudade,

A velhice jamais eu a lamento.

O meu amor, porém, é sempre moço,

É sempre grande e sempre sem tropeço,

Pois tiro do mais fundo de meu poço

O sonho que por ti nunca tem preço.

Querer-te traz à vida segurança,

Que só por tua causa é que se alcança.

SP., 10/03/2018.

-VI-

Soneto da Senilidade

Quando digo que estou já bem senil,

Criticam-me dizendo de meu erro,

Pois falo, pois escrevo em tom viril,

Nas palavras o mal pondo em desterro.

O certo, todavia, é que a cabeça

Não envelhece, mas o corpo sim,

Embora ser senil não me aborreça,

As flores já são raras no jardim.

O coração, porém, sempre combate

O que de podre existe no país

E, se não há do bem qualquer resgate,

Nem por isto abandono a diretriz.

Como árvores que morrem sempre em pé,

Irei até o fim com minha fé.

SP. 17/03/2018.

 

-VII-

Para Ruth

A pele mostra as rugas pelo tempo,

Tornando o qu’era belo em feia estampa,

A vida nunca foi um passatempo,

Pois para o fim se desce pela rampa.

A velhice desfaz qualquer imagem,

E muitas vezes fere o próprio amor,

O passado transforma-se em miragem

E o presente se perde sem calor.

O coração, porém, quando se ancora

Num querer permanente é sempre moço

Sem crepúsculo ou noite, mas aurora,

Descortinada num formoso esboço.

Assim sou eu, eterno apaixonado,

Feliz por tê-la, Ruth, de meu lado.

SP. 14/04/2018.

 

-VIII-

Mais um retiro com Deus.

Todos os anos os faço.

Nele peço pelos meus,

Pois na agenda há sempre espaço.

Renovo as forças que tenho,

Mesmo poucas, vejo luz,

Relembro o pesado lenho

Que Cristo teve por cruz.

Meus valores permanentes,

Ruth, filhos e a família,

Meus amigos, são meus entes,

Que tornam leve esta trilha.

Este caminho, Senhor,

Por ti, foi feito de amor.

Aroeira, 21/04/2018.

 

-IX-

Para Ruth

A velhice bem vale um coração,

Se o coração bem jovem permanece,

As rugas com a morte morrerão

E o amor nele gerado faz-se prece.

O querer não tem forma de pregão,

Que a qualquer um se entrega na quermesse,

Sem ter pureza o esforço faz-se vão,

Pois a quem ama apenas se oferece.

A velhice é detalhe sem relevo,

Que não torna jamais a mocidade

Menos presente, mesmo se longevo

O caminhar dos anos pela idade,

Por isto este soneto a ti escrevo,

Para mim sendo eterna divindade.

SP.28/05/2018.

 

 

-X-

SEM DESTINO

Empinei meus papagaios

Para ver as caravelas,

Que desenho em meus ensaios,

Pelas ruas paralelas.

Eu descubro assim os astros

Ao noturno contemplar,

Vi estrelas sobre os mastros

No meu barco pelo mar.

Penetrei pelas florestas

Sem alforje, sem espada,

Dos nativos vi as festas

E parei na encruzilhada

De meus versos sem destino,

Que escrevo desde menino.

SP. 02/06/2018.

 

-XI-

Para Ruth

Cantador cantei a lua

Desde os tempos de eu menino,

Fosse doce, fosse crua

Minha vida sem destino,

Cantador da velha rua

Em que vi o teu fascino,

Que o tempo não atenua,

Mas o torna mais divino,

Cantador da face tua,

De teu olhar cristalino

Que no meu vive e flutua,

Cantador, sou paladino

De um amor que continua

Sempre eterno e repentino.

SP. 16/06/2018.

 

-XII-

Para Ruth

Anoitece no inverno bem mais cedo,

Após o entardecer frio e chuvoso,

O vento já fustiga este arvoredo

Em frente do escritório, em tom raivoso.

A vontade de estar dentro de casa

É mais forte do que qualquer programa,

Minha imaginação ganha mais asa

E foge de viver o próprio drama.

O tempo da colheita faz-se agora

Das sementes lançadas no passado,

Nas sombras muita imagem se descora

Mas outras tornam tudo iluminado.

Assim meu coração em ti, querida,

Sente a luz que tu pões em minha vida.

SP. 24/06/2018.

 

-XIII-

Para Ruth em seu aniversário

Ao som dos momentos musicais de Schubert – intérprete Jeno Jandó

Eu toquei os momentos musicais

Números um e dois dos seis compostos

De Schubert em pequenos recitais

Antes de ser levado por impostos.

Dediquei-me ao direito tributário,

E a música deixei sem desencanto.

Mas ouço-a quando estou mais solitário

Pois cobre o coração com doce manto.

Sonoridade eu busco nos meus versos,

Saudades dos bons tempos de solista,

Eram meus sentimentos sempre imersos,

Nos grandes mestres de uma imensa lista.

Eu hoje nada toco e mal versejo,

Porem és para mim um belo arpejo.

SP. 01/07/2018.

-XIV-

Férias. Férias e mais férias.

Quinze dias pela frente,

Sem trabalhos, sem matérias.

Tudo agora é diferente.

Sem tarefa é a vez primeira

Que nas férias não terei

De cansar-me na carreira.

Até pareço ser rei.

Minha amada tem-me ao lado

Filha e netos são também

Que Deus me faça achegado

A seu querer para o bem.

Dê-nos, pois, a proteção

No seu grande coração.

Jaguariúna, 02/07/2018.

 

 

-XV-

Quando a Nação descobre que seu mal

Está nos que se dizem competentes

E quando corromper é bem normal

E os vilões morais tornam-se ausentes;

Quando se aplaude a morte em nascituro,

Que assassinar seus filhos é moderno,

Pois não se vê ainda o seu futuro

Que dependente está do amor materno,

Quando se pensa pouco na família

E muito no gozar somente a vida.

Mesmo à custa daqueles que na trilha

São pisados de forma desmedida.

Não se pode falar em liberdade,

Pois o mundo carece da verdade.

 

-XVI-

POBRE BRASIL

O meu país não deslancha,

Os políticos são fracos

Tiram do povo a esperança,

Pondo a nação em buracos.

Enquistados em Brasília

Vivem corporativismo,

São uma furada quilha

De um barco em rota do abismo.

Seus privilégios são tantos,

Enquanto a nação naufraga

Do poder tem os encantos

Que a corrupção afaga.

Pobre gente brasileira!

Que despenca na ladeira.

Jaguariúna 03/07/2018.

-XVII-

EXPERIÊNCIAS

Muitos pensam que os velhos são passado

E precisam apenas de um apoio

Para esperar a morte, que é do lado,

Inúteis para os outros como o joio.

Mal percebem que muitos destes velhos

Fazem bem mais que os jovens mais robustos

Pois têm nas experiências seus espelhos

E levam seu trabalho sem ter sustos.

O corpo velho, mas de jovem mente

É bem mais jovem dos que jovens são

Pois age rápido e bem diferente

Naquilo que os mais jovens não farão.

A pátina do tempo tem valor

E nela o conhecer põe sua cor.

Jaguariúna, 08/07/2018.

 

-XVIII-

NOVE DE JULHO

Hoje São Paulo festeja

A luta pelo Direito,

Foi uma dura peleja

Pra ter da lei seu respeito.

Nove de julho, paulistas

Foram mortos pela história,

Eram almas altruístas

De quem se guarda memória.

Derrotados, mas venceram

Gerando a Suprema Lei

E seus nomes apuseram

Com a nobreza de um rei.

Um sonho bem vale a vida,

Se tem na pátria a medida.

Jaguariúna, 9 de julho de 2018.

 

 

-XIX-

Que saudades do tempo de eu menino

Cujos sonhos mantenho mesmo agora,

Eu sempre achei que fosse meu destino

Por eles batalhar no mundo afora.

Malgrado os resultados serem pobres,

Não deles desistir valeu a pena

Se os fins que se propõe são eles nobres

A vida bem vivida é vida plena.

Os fracassos e os erros são normais

Com vitórias a lida se entrelaça,

Assim erguem-se lindas catedrais

Com pedras, com tijolos e argamassa.

Embora no que faço, pouco valho,

Procuro tudo dar no meu trabalho.

Jaguariúna, 09/07/2018.

 

 

-XX-

Na vida cometemos muitos erros,

Embora com acertos, outras vezes,

Escondemos aqueles nos aterros

Que, em nosso peito, abrimos todos meses.

A luta que travamos, permanente.

Nem por isto desfaz o que é mal feito,

Mas sempre deve ser luta presente

Na busca de vencer todo defeito.

As vitórias se mesclam com fracassos,

Enquanto esgota o tempo da existência,

Assim bem dirigimos nossos passos

Até o dia em que formos ausência.

Eu sei que Deus está a nossa escuta,

Malgrado os erros, vendo nossa luta.

SP, 21/07/2018.

 

-XXI-

60 ANOS

Passa o tempo e não sei o que dizer

De tanto amor que tenho por você,

Só me resta, na vida, agradecer

O bem que já foi feito e que se vê.

A Deus, que é meu Senhor, eu tudo devo

E devo o dom maior do casamento,

Que segue, neste mundo, bem longevo,

Para mim num eterno encantamento.

Amar, como eu a amo, amor tão grande

Que no peito não posso aprisionar

E que, em nossa família, mais se expande,

Tais quais as ondas brancas pelo mar,

Faz-me tão grato em tudo, amada minha,

Que de meu lado sempre assim caminha.

São Paulo, 31/07/2018

-XXII-

UNIVERSO

Eu me pergunto sempre se o universo

Teria ou não teria algum limite

E se limite houvesse bem diverso

Do mundo tal seria. Há quem cogite?

Difícil é descobrir algo sem fim,

Pois há em todo o fim algo depois,

Fronteiras, quando existem, são assim

Porque dividem sempre tudo em dois.

S’ele infinito for, como explicar

No “big bang” a tórrida expansão,

Não me parece fácil de encontrar

Toda a verdade atrás desta amplidão.

De Deus eu só conheço o doce império,

Sem penetrar jamais neste mistério.

SP. 11/08/2018.

XXIII

É tempo de ser sábio e de ser fraco.

A experiência se faz sempre mais forte,

O físico, porém, torna-se opaco

E vive-se só mais conforme a sorte.

O passado a quem sabe pouco importa

Se foi bom, se foi mal já não retorna,

Do fim é cada vez mais perto a porta

E espera-se o martelo na bigorna.

O futuro descobre-se presente,

E vive-se no dia, cada dia,

Os sonhos se desfazem pela mente,

Mas quem sonha renasce na alegria,

É que bem vê que estamos de passagem

E não temos do morrer qualquer blindagem.

SP. 09/09/2018.

XXIV

NO HOSPITAL SÃO JOSÉ

Há tempo para tudo nesta vida.

Desde o tempo que a vida veio à Terra,

Há tempo de chegada e de partida

E tempo qu’é de paz e qu’é de guerra.

Há tempo para amar e p’ra esquecer

E tempo de trabalho e de descanso,

Há tempo de viver e de morrer

E tempo de tormenta e de remanso.

Há tempo de vitória e de derrota

E tempo de prazer e de tristeza,

Há tempo que no tempo não se esgota

E tempo de perder-se em correnteza,

Mas há  tempo qu’é tempo de alegria,

É o tempo que é de Cristo e de Maria.

SP. 12/09/2018.

Ex-presidente da Academia Paulista de Letras.

XXV

Quando um povo não vê o populismo

E acredita em promessas de assaltantes;

Quando governos levam para o abismo

Os sonhos que se fazem mais distantes;

Quando presos comandam dirigentes

Do crime organizado e da política,

Na condução não sendo diferentes

Sem terem da nação nenhuma crítica;

Quando o ganho ilegal é sempre ganho

Dos eleitores tendo um grande apoio

E o querer ao Brasil parece estranho,

Pois se troca o bom trigo pelo joio;

Vai se perdendo aos poucos a esperança

E o mal dos que são maus, no tempo, avança.

SP. 30/09/2018.

XXVI

O tempo dos mais jovens é mais lento,

Mas com a idade vai acelerando

E curto bem parece o comprimento,

Se mede a rapidez de quando em quando.

Para o moço o final não se cogita,

Para o velho o final está bem perto,

Que vê como descanso ou por desdita

Ao lembrar seu passado descoberto.

O jovem pensa a vida ser eterna,

A vida para o velho é sem espaço,

A mocidade longe, o corpo inverna

E fica mais cruel a cada passo.

Somente em Deus encontra seu carinho

E a certeza que segue o bom caminho.

Jaguariúna,  12/10/2018.

XXVII

Por mais que o tempo passe a minha amada

E sempre bela é sempre o meu amor,

Meu corpo já se esconde atrás do nada

O coração, porém, tem seu calor.

A luta que vivemos, lado a lado,

Os sonhos que sonhamos, desde cedo,

Os anos que deixamos no passado

Num grande amor eterno e sem segredo.

Dificuldades muitas quem não teve?

Mas sempre acreditando em nosso Deus,

Pois Deus com sua pena, assim escreve

O destino daqueles que são seus.

Amada minha, amada tão querida,

Por ter-te junto a mim valeu a vida.

Jaguariúna, 12/10/2018.

XXVIII

Para Ruth

Este soneto eu faço no escritório

De meu apartamento, após o banho

Meu tempo, quando é noite, é tempo inglório,

Pois o que está distante não arranho.

Por hábito versejo. Faz-me bem.

Ninguém há de entender porque versejo,

A qualidade fica sempre aquém,

Mas segue em minha lida seu cortejo.

Os temas, eu não tenho há longos anos,

Não sei mais o que seja inspiração,

A métrica passou por tantos danos,

Embora a cultivasse, mas em vão.

Meu único consolo és tu, querida,

Destino de meus versos, toda a vida.

SP. 20/10/2018.

SONETOS ALÉM DO TEMPO

SONETOS ALÉM DO TEMPO

 2018

 

-I-

O tempo mostra à vida o seu tamanho

E a dimensão exata do que somos,

O livro que escrevemos, mesmo estranho,

Poderá ter —quem sabe?—  muitos tomos.

Quando jovens a morte não é tema,

Quando velhos sentimos a presença.

Fizemos, pelos anos, nosso esquema

Com certezas e, às vezes, com descrença.

Embora tudo gere mais cansaço,

De tudo temos mais conhecimento

E sabemos qual é o nosso espaço,

Que não tem, nesta idade, mais aumento.

É feliz quem a si não dá valor

E oferta para os seus somente amor.

SP, 16/01/2018.

 

-II-

A inspiração no tempo é diferente.

Na juventude a vida é só romance,

Na mocidade sonha toda gente

Que uma grande aventura cria o lance.

Na madureza, corre uma esperança

Que a velhice se encontr’inda  distante,

Porém se bem mais forte, o esforço cansa

E os desejos já não são mais de infante.

Por fim, aos poucos, a senilidade

A tudo dificulta, todo o dia.

Memória do passado dá saudade

E a perda dos amigos faz a via.

Mas quem em Deus desvenda seu carinho,

Descobre como é belo este caminho.

SP, 22/01/2018.

 

-III-

PARA RUTH NO ANIVERSÁRIO DA ANGELA

Há tanto tempo que eu te quero tanto,

Há tanto tempo tu me queres bem,

Por tanto amor o quanto de meu canto

Fica meu canto sempre muito aquém.

São décadas e décadas de amor,

Que sem sentir o tempo vem e passa,

Nesta paixão há sempre muita cor

Num sonho que se bebe em linda taça.

És ponte da família para Deus,

Que atravessamos sempre bem felizes,

Tu pedes ao Senhor por todos seus

E nós todos seguimos o que dizes.

Há tanto tempo que eu te quero tanto

Que meu amor não cabe neste canto.

SP, 09/02/2018.

 

-IV-

Para a tatuagem de minha neta Fernanda.

Uma espada cravada em coração,

Que responde com flores, como o sândalo,

Perfumando, se um golpe leva-o ao chão,

O que parece ser mais do que escândalo.

Assim Cristo pediu pelos algozes,

Como o sândalo augusto perfumando

As machadadas frias e sem vozes,

Ao modo dos cristãos de quando em quando.

A tatuage’está na minha neta,

Não é nem muito grande, nem pequena,

As minhas eu as tenho, pobre asceta,

As rugas da velhice, em tez serena.

Fernanda, eu amo a filha de uma filha,

Que torna sempre alegre esta família.

Jaguariúna, 11/02/2018.

-V-

Para Ruth

Buscando teu amor, todos os dias,

Todos os dias, vivo de teu lado,

São mesmo quando tensos, de alegrias,

Num tempo que se passa não notado.

Os ossos degeneram pela idade,

O andar mais arrastado faz-se lento,

Se tenho do pretérito saudade,

A velhice jamais eu a lamento.

O meu amor, porém, é sempre moço,

É sempre grande e sempre sem tropeço,

Pois tiro do mais fundo de meu poço

O sonho que por ti nunca tem preço.

Querer-te traz à vida segurança,

Que só por tua causa é que se alcança.

SP., 10/03/2018.

-VI-

Soneto da Senilidade

Quando digo que estou já bem senil,

Criticam-me dizendo de meu erro,

Pois falo, pois escrevo em tom viril,

Nas palavras o mal pondo em desterro.

O certo, todavia, é que a cabeça

Não envelhece, mas o corpo sim,

Embora ser senil não me aborreça,

As flores já são raras no jardim.

O coração, porém, sempre combate

O que de podre existe no país

E, se não há do bem qualquer resgate,

Nem por isto abandono a diretriz.

Como árvores que morrem sempre em pé,

Irei até o fim com minha fé.

SP. 17/03/2018.

 

-VII-

Para Ruth

A pele mostra as rugas pelo tempo,

Tornando o qu’era belo em feia estampa,

A vida nunca foi um passatempo,

Pois para o fim se desce pela rampa.

A velhice desfaz qualquer imagem,

E muitas vezes fere o próprio amor,

O passado transforma-se em miragem

E o presente se perde sem calor.

O coração, porém, quando se ancora

Num querer permanente é sempre moço

Sem crepúsculo ou noite, mas aurora,

Descortinada num formoso esboço.

Assim sou eu, eterno apaixonado,

Feliz por tê-la, Ruth, de meu lado.

SP. 14/04/2018.

 

-VIII-

Mais um retiro com Deus.

Todos os anos os faço.

Nele peço pelos meus,

Pois na agenda há sempre espaço.

Renovo as forças que tenho,

Mesmo poucas, vejo luz,

Relembro o pesado lenho

Que Cristo teve por cruz.

Meus valores permanentes,

Ruth, filhos e a família,

Meus amigos, são meus entes,

Que tornam leve esta trilha.

Este caminho, Senhor,

Por ti, foi feito de amor.

Aroeira, 21/04/2018.

 

-IX-

Para Ruth

A velhice bem vale um coração,

Se o coração bem jovem permanece,

As rugas com a morte morrerão

E o amor nele gerado faz-se prece.

O querer não tem forma de pregão,

Que a qualquer um se entrega na quermesse,

Sem ter pureza o esforço faz-se vão,

Pois a quem ama apenas se oferece.

A velhice é detalhe sem relevo,

Que não torna jamais a mocidade

Menos presente, mesmo se longevo

O caminhar dos anos pela idade,

Por isto este soneto a ti escrevo,

Para mim sendo eterna divindade.

SP.28/05/2018.

 

 

-X-

SEM DESTINO

Empinei meus papagaios

Para ver as caravelas,

Que desenho em meus ensaios,

Pelas ruas paralelas.

Eu descubro assim os astros

Ao noturno contemplar,

Vi estrelas sobre os mastros

No meu barco pelo mar.

Penetrei pelas florestas

Sem alforje, sem espada,

Dos nativos vi as festas

E parei na encruzilhada

De meus versos sem destino,

Que escrevo desde menino.

SP. 02/06/2018.

 

-XI-

Para Ruth

Cantador cantei a lua

Desde os tempos de eu menino,

Fosse doce, fosse crua

Minha vida sem destino,

Cantador da velha rua

Em que vi o teu fascino,

Que o tempo não atenua,

Mas o torna mais divino,

Cantador da face tua,

De teu olhar cristalino

Que no meu vive e flutua,

Cantador, sou paladino

De um amor que continua

Sempre eterno e repentino.

SP. 16/06/2018.

 

-XII-

Para Ruth

Anoitece no inverno bem mais cedo,

Após o entardecer frio e chuvoso,

O vento já fustiga este arvoredo

Em frente do escritório, em tom raivoso.

A vontade de estar dentro de casa

É mais forte do que qualquer programa,

Minha imaginação ganha mais asa

E foge de viver o próprio drama.

O tempo da colheita faz-se agora

Das sementes lançadas no passado,

Nas sombras muita imagem se descora

Mas outras tornam tudo iluminado.

Assim meu coração em ti, querida,

Sente a luz que tu pões em minha vida.

SP. 24/06/2018.

 

-XIII-

Para Ruth em seu aniversário

Ao som dos momentos musicais de Schubert – intérprete Jeno Jandó

Eu toquei os momentos musicais

Números um e dois dos seis compostos

De Schubert em pequenos recitais

Antes de ser levado por impostos.

Dediquei-me ao direito tributário,

E a música deixei sem desencanto.

Mas ouço-a quando estou mais solitário

Pois cobre o coração com doce manto.

Sonoridade eu busco nos meus versos,

Saudades dos bons tempos de solista,

Eram meus sentimentos sempre imersos,

Nos grandes mestres de uma imensa lista.

Eu hoje nada toco e mal versejo,

Porem és para mim um belo arpejo.

SP. 01/07/2018.

-XIV-

Férias. Férias e mais férias.

Quinze dias pela frente,

Sem trabalhos, sem matérias.

Tudo agora é diferente.

Sem tarefa é a vez primeira

Que nas férias não terei

De cansar-me na carreira.

Até pareço ser rei.

Minha amada tem-me ao lado

Filha e netos são também

Que Deus me faça achegado

A seu querer para o bem.

Dê-nos, pois, a proteção

No seu grande coração.

Jaguariúna, 02/07/2018.

 

 

-XV-

Quando a Nação descobre que seu mal

Está nos que se dizem competentes

E quando corromper é bem normal

E os vilões morais tornam-se ausentes;

Quando se aplaude a morte em nascituro,

Que assassinar seus filhos é moderno,

Pois não se vê ainda o seu futuro

Que dependente está do amor materno,

Quando se pensa pouco na família

E muito no gozar somente a vida.

Mesmo à custa daqueles que na trilha

São pisados de forma desmedida.

Não se pode falar em liberdade,

Pois o mundo carece da verdade.

 

-XVI-

POBRE BRASIL

O meu país não deslancha,

Os políticos são fracos

Tiram do povo a esperança,

Pondo a nação em buracos.

Enquistados em Brasília

Vivem corporativismo,

São uma furada quilha

De um barco em rota do abismo.

Seus privilégios são tantos,

Enquanto a nação naufraga

Do poder tem os encantos

Que a corrupção afaga.

Pobre gente brasileira!

Que despenca na ladeira.

Jaguariúna 03/07/2018.

-XVII-

EXPERIÊNCIAS

Muitos pensam que os velhos são passado

E precisam apenas de um apoio

Para esperar a morte, que é do lado,

Inúteis para os outros como o joio.

Mal percebem que muitos destes velhos

Fazem bem mais que os jovens mais robustos

Pois têm nas experiências seus espelhos

E levam seu trabalho sem ter sustos.

O corpo velho, mas de jovem mente

É bem mais jovem dos que jovens são

Pois age rápido e bem diferente

Naquilo que os mais jovens não farão.

A pátina do tempo tem valor

E nela o conhecer põe sua cor.

Jaguariúna, 08/07/2018.

 

-XVIII-

NOVE DE JULHO

Hoje São Paulo festeja

A luta pelo Direito,

Foi uma dura peleja

Pra ter da lei seu respeito.

Nove de julho, paulistas

Foram mortos pela história,

Eram almas altruístas

De quem se guarda memória.

Derrotados, mas venceram

Gerando a Suprema Lei

E seus nomes apuseram

Com a nobreza de um rei.

Um sonho bem vale a vida,

Se tem na pátria a medida.

Jaguariúna, 9 de julho de 2018.

 

 

-XIX-

Que saudades do tempo de eu menino

Cujos sonhos mantenho mesmo agora,

Eu sempre achei que fosse meu destino

Por eles batalhar no mundo afora.

Malgrado os resultados serem pobres,

Não deles desistir valeu a pena

Se os fins que se propõe são eles nobres

A vida bem vivida é vida plena.

Os fracassos e os erros são normais

Com vitórias a lida se entrelaça,

Assim erguem-se lindas catedrais

Com pedras, com tijolos e argamassa.

Embora no que faço, pouco valho,

Procuro tudo dar no meu trabalho.

Jaguariúna, 09/07/2018.

 

 

-XX-

Na vida cometemos muitos erros,

Embora com acertos, outras vezes,

Escondemos aqueles nos aterros

Que, em nosso peito, abrimos todos meses.

A luta que travamos, permanente.

Nem por isto desfaz o que é mal feito,

Mas sempre deve ser luta presente

Na busca de vencer todo defeito.

As vitórias se mesclam com fracassos,

Enquanto esgota o tempo da existência,

Assim bem dirigimos nossos passos

Até o dia em que formos ausência.

Eu sei que Deus está a nossa escuta,

Malgrado os erros, vendo nossa luta.

SP, 21/07/2018.

 

-XXI-

60 ANOS

Passa o tempo e não sei o que dizer

De tanto amor que tenho por você,

Só me resta, na vida, agradecer

O bem que já foi feito e que se vê.

A Deus, que é meu Senhor, eu tudo devo

E devo o dom maior do casamento,

Que segue, neste mundo, bem longevo,

Para mim num eterno encantamento.

Amar, como eu a amo, amor tão grande

Que no peito não posso aprisionar

E que, em nossa família, mais se expande,

Tais quais as ondas brancas pelo mar,

Faz-me tão grato em tudo, amada minha,

Que de meu lado sempre assim caminha.

São Paulo, 31/07/2018

-XXII-

UNIVERSO

Eu me pergunto sempre se o universo

Teria ou não teria algum limite

E se limite houvesse bem diverso

Do mundo tal seria. Há quem cogite?

Difícil é descobrir algo sem fim,

Pois há em todo o fim algo depois,

Fronteiras, quando existem, são assim

Porque dividem sempre tudo em dois.

S’ele infinito for, como explicar

No “big bang” a tórrida expansão,

Não me parece fácil de encontrar

Toda a verdade atrás desta amplidão.

De Deus eu só conheço o doce império,

Sem penetrar jamais neste mistério.

SP. 11/08/2018.

XXIII

É tempo de ser sábio e de ser fraco.

A experiência se faz sempre mais forte,

O físico, porém, torna-se opaco

E vive-se só mais conforme a sorte.

O passado a quem sabe pouco importa

Se foi bom, se foi mal já não retorna,

Do fim é cada vez mais perto a porta

E espera-se o martelo na bigorna.

O futuro descobre-se presente,

E vive-se no dia, cada dia,

Os sonhos se desfazem pela mente,

Mas quem sonha renasce na alegria,

É que bem vê que estamos de passagem

E não temos do morrer qualquer blindagem.

SP. 09/09/2018.

XXIV

NO HOSPITAL SÃO JOSÉ

Há tempo para tudo nesta vida.

Desde o tempo que a vida veio à Terra,

Há tempo de chegada e de partida

E tempo qu’é de paz e qu’é de guerra.

Há tempo para amar e p’ra esquecer

E tempo de trabalho e de descanso,

Há tempo de viver e de morrer

E tempo de tormenta e de remanso.

Há tempo de vitória e de derrota

E tempo de prazer e de tristeza,

Há tempo que no tempo não se esgota

E tempo de perder-se em correnteza,

Mas há  tempo qu’é tempo de alegria,

É o tempo que é de Cristo e de Maria.

SP. 12/09/2018.

Ex-presidente da Academia Paulista de Letras.

XXV

Quando um povo não vê o populismo

E acredita em promessas de assaltantes;

Quando governos levam para o abismo

Os sonhos que se fazem mais distantes;

Quando presos comandam dirigentes

Do crime organizado e da política,

Na condução não sendo diferentes

Sem terem da nação nenhuma crítica;

Quando o ganho ilegal é sempre ganho

Dos eleitores tendo um grande apoio

E o querer ao Brasil parece estranho,

Pois se troca o bom trigo pelo joio;

Vai se perdendo aos poucos a esperança

E o mal dos que são maus, no tempo, avança.

SP. 30/09/2018.

XXVI

O tempo dos mais jovens é mais lento,

Mas com a idade vai acelerando

E curto bem parece o comprimento,

Se mede a rapidez de quando em quando.

Para o moço o final não se cogita,

Para o velho o final está bem perto,

Que vê como descanso ou por desdita

Ao lembrar seu passado descoberto.

O jovem pensa a vida ser eterna,

A vida para o velho é sem espaço,

A mocidade longe, o corpo inverna

E fica mais cruel a cada passo.

Somente em Deus encontra seu carinho

E a certeza que segue o bom caminho.

Jaguariúna,  12/10/2018.

XXVII

Por mais que o tempo passe a minha amada

E sempre bela é sempre o meu amor,

Meu corpo já se esconde atrás do nada

O coração, porém, tem seu calor.

A luta que vivemos, lado a lado,

Os sonhos que sonhamos, desde cedo,

Os anos que deixamos no passado

Num grande amor eterno e sem segredo.

Dificuldades muitas quem não teve?

Mas sempre acreditando em nosso Deus,

Pois Deus com sua pena, assim escreve

O destino daqueles que são seus.

Amada minha, amada tão querida,

Por ter-te junto a mim valeu a vida.

Jaguariúna, 12/10/2018.

QUADRAS 2018

QUADRAS 2018

-I-

 

PARA O DIA DA SAUDADE

Ah! Que saudades que tenho

De um tempo sem ter saudades,

Na vida com pouco empenho,

Vendo o mundo sem maldades.

SP. 30/01/2018.

-II-

Pelo Dia Internacional da Mulher.

                   Para Ruth

Meu amor intemporal,

Faz-me de ti seu amante,

Tem força de temporal

E nunca fica distante.

SP. 08/03/2018.

-III-

PARA MINHAS COLABORADORAS.

Pelo Dia Internacional da Mulher.

Minhas belas auxiliares,

Sempre amigas de meu lado,

No escritório são seus ares

Que geram nosso bom fado.

08/03/2018.

-IV-

O TIMECO DO LECO

Bem merece um peteleco

Este horroroso timeco

Descoberto pelo Leco

Dos outros times, boneco.

SP. 18/03/2018.

-V-

VERA

O tempo que nunca espera

Fez bem chegar o seu dia

Da queridíssima Vera,

Que agora aniversaria.

Beijos dos padrinhos Ruth e Ives.

21/03/2018.

-VI-

Na FIESP

Em homenagem à Camargo,

Eu nunca falo de cor,

Mesmo sendo assunto amargo,

Espero um Brasil melhor.

Na palestra do dia 15/04/2018.

-VII-

De tanto cantar meu canto

Já não sei quando o repito,

Apesar do desencanto,

Contra o mal eu sempre grito.

São Paulo, 19/05/2018.

-VIII-

Para Ruth

Sempre volto ao mesmo tema,

Quando moço e mais idoso,

Minha amada, em meu poema,

Faz o mundo esplendoroso.

São Paulo, 26/05/2018.

-IX-

Não dar importância à vida,

Nem com glória se importar,

Ser honesto pela lida,

A ataques pouco ligar.

SP. 02/06/2018.

-X-

Quando entardece no inverno,

O vento frio aborrece,

Com “pull-over” e com terno,

Na Igreja faz-se uma prece.

SP. 02/06/83

-XI-

Escrever é uma moléstia

Incurável, sem remédio,

Mesmo o escrito com modéstia

Ao autor não causa tédio.

SP 02/06/82.

-XII-

Mais uma quadra refaço,

Neste final de descanso,

Escrevo no branco espaço

Do papel que a tinta lanço.

SP. 16/06/2018.

-XIII-

Meu querido neto André

Reclama na minha sala

Da vitrola, mas de pé

Vai embora e pega a mala.

SP. 17/06/2018.

-XIV-

Para Ruth

No jardim cheio de estrelas

Vi teu retrato na lua

E quando pude retê-las

Eu retive a imagem tua.

SP. 22/06/2018.

-XV-

Para Ruth

Cansado de estar cansado,

Cansei-me de me cansar,

Cansaço se põe de lado

Pois não me canso de amar.

         SP. 23/06/2018.

-XVI-

I

Sinto saudades do tempo

Em que lutava com raça,

Passa a vida como o vento

Mas teu encanto não passa.

II

Sou bem velho, mas sou moço

Num coração que se vê,

O meu amor tem endosso

Transferido pra você.

SP. 01/07/2018.

-XVII-

A noite cai bem serena

À distância vejo luz,

E mais distante uma antena

Que bem parece uma cruz.

02/07/2018.

-XVIII-

É um cachimbo, um cachimbo

Magrite pôs em pintura

A frase tem seu carimbo

Com alguma formosura.

Jaguariúna, 02/07/2018.

-XIX-

Para Ruth

I

Depois da sauna um bom banho

E um notável bem estar,

Sem trabalho, fico estranho

Mas não paro de te amar.

II

Deslizo pelos oitenta

Com desconforto por vezes,

Nesta idade não se inventa,

Os anos parecem meses.

Jaguariúna, 03/07/2018.

-XX-

Meu tempo faz-se presente,

Só por ti querida amada,

Mesmo quando estás ausente

Pois tua imagem é guardada.

Jaguariúna, 04/07/2018.

-XXI-

Fim do dia ensolarado,

Nem parece ser inverno,

Tenho Ruth de meu lado

E tudo se faz eterno.

Jaguariúna, 04/07/2018.

-XXII-

I

O Brasil foi derrotado

Teve peso e pouca sorte,

Vive as glórias do passado

Mas o presente é de morte.

II

Eu não sei mais versejar

Repito temas e versos,

Mas a Ruth eu sei amar

Nosso amor vale universos.

Jaguariúna, 06/07/2018.

-XXIII-

Piscina

 

O sol bate na piscina,

Mas a piscina está fria,

Vou a sauna bem na esquina

De minha casa vazia.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXIV-

Ruth

 

Muito papel sobre a mesa

Muito escrevo e pouco digo

Sou feliz co’a  alma presa,

Por estar sempre contigo.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXV-

Ruth

O panorama que vejo,

Neste meu pobre recanto

É belo como teu beijo,

Pois descobre teu encanto.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXVI-

Para Ruth

Estou de roupa vermelha

Nas férias, uso um abrigo,

Por cima, eu enxergo a telha

E, ao lado, eu estou contigo.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXVII-

No tempo das caravelas

Havia monstros no mar,

E naufrágios nas procelas,

Que não se sabe contar.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXVIII-

No tempo dos cavaleiros,

As donzelas nas sacadas,

Protegidas por arqueiros,

Sonhavam sonhos de fadas.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXIX-

No tempo das caravelas,

Nos portos, ruas estreitas,

Tinham luzes amarelas

Sem brilhar e rarefeitas.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXX-

No tempo das caravelas,

Não havia mais jograis,

Que cantavam pra donzelas,

Nos castelos medievais.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXXI-

Na mesa branca da sala.

Eu escrevo sem parar

Escritos não tem escala,

Nem fronteiras como o mar.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXXII-

Neste livreto eu bem ponho,

Meu amor de tantos anos

Ruth pra mim é meu sonho,

Numa vida sem enganos.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXXIII-

No tempo dos cavaleiros,

As liças eram mortais,

Até mesmo os escudeiros

Tinham lutas corporais.

-XXXIV-

No tempo dos cavaleiros

Existiam cavalgadas

E, nos cavalos, guerreiros

Brandiam suas espadas.

-XXXV-

O tempo dos cavaleiros,

Foi também o das Cruzadas,

Dos nobres eram herdeiros

Nas batalhas e caçadas.

-XXXVI-

No tempo dos cavaleiros,

Eram sangrentas as guerras,

Forjavam em fogareiros

As lanças em suas terras.

-XXXVII-

No tempo dos cavaleiros,

Cantavam os cantadores

Os seus feitos derradeiros

Assim como seus amores.

-XXXVIII-

No tempo dos cavaleiros,

Lá sonhei ter meu destino,

Tendo por meus companheiros

Os meus heróis de menino.

-XXXIX-

Dois cadernos quero dar,

Para Ruth nos sessenta,

Para assim comemorar

Nossa data sem tormenta.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XL-

Quanto mais me vejo fraco,

Mais em Deus eu acredito,

Pois N’Ele a soberba aplaco

E faço o mal ser prescrito.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XLI-

A noite chega bem perto,

Desaparecem as luzes,

O céu é um negro deserto

Onde se escondem as cruzes.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XLII-

Minha rua de eu menino

Tinha, muitas vezes, bonde,

Nela via meu destino

Que não sei onde se esconde.

Jaguariúna, 09/02/2018.

-XLIII-

Quadra do dia

Oh querida Ana Regina,

Psicanalista de escol,

O teu olhar de menina

É brilhante como o sol.

SP., 19/07/2018.

-XLIV-

Vivemos dias estranhos

Crápulas em profusão

Têm nos roubos muitos ganhos

Mas à custa da nação.

SP. 22/07/2018.

-XLV-

Os meus sonhos de menino

Não os perco no Brasil,

Os bons farão seu destino

De afastar o poder vil.

SP. 22/07/2018.

-XLVI-

PARA MINHA SECRETÁRIA

 

A sempre jovem Marlene

Ontem fez aniversário,

No trabalho, que se encene

O seu toque já lendário.

SP, 23/07/2018.

-XLVII-

Como nos tempos de antanho,

De mãos dadas sempre estamos,

Nosso amor não tem tamanho,

Sendo os Santos nossos amos.

28/07/2018.

-XLVIII-

Quando os tempos são da lua

O coração é mais belo,

Pois nele a imagem é tua,

Num colorido amarelo.

SP. 28/07/2018.

-XLIX-

Eu sempre as quadras bem faço,

Mal escritas de improviso,

Penetro assim meu espaço

Em busca de teu sorriso.

11/08/2018.

-L-

Quanto mais escrevo assim

Tanto mais assim me sinto,

Quero ter perto de mim

O teu olhar tão distinto.

SP. 11/08/2018.

 LI

Que frio faz este inverno,

Que saudades do calor!

Não é, felizmente, eterno,

Mas tem do cinzento a cor.

SP. 09/09/2018.

LII

Peço a sua intercessão

Minha Mãe formosa e linda,

É de ti meu coração,

Pelo tempo mais ainda.

SP. 09/09/2018.

 

 

LIII

Os astronautas no espaço

Encontram astros no escuro,

Os versos são nosso passo

Com claridão no futuro.

SP., 13/09/2018.

LIV

Para Ruth

Há tanto tempo teus olhos,

Eu os amo intensamente,

São os dois, dois escolhos,

Onde encalho docemente.

SP. 13/09/2018.

LV

No tempo dos sonhos mil

A vida faz-se mais leve

Ninguém se torna senil

E nem o viver é breve.

LVI

No tempo dos astronautas

Os espaços siderais

Tornam as vidas incautas

Semelhante aos samurais.

LVII

No tempo dos navegantes

Os mares eram bravios

E as terras muito distantes

Tinham invernos e estios.

LVIII

No tempo da Idade Média

Havia muitos escravos,

Não havia enciclopédia,

Mas uns cavaleiros bravos.

LIX

No tempo da Grécia antiga

Os deuses eram normais,

Mas eterna a sua briga,

Sendo alguns bem imorais.

LX

No tempo do velho Egito,

Os deuses eram sangrentos

E a história tornou-se mito

Com descobertas e inventos.

LXI

No tempo da Babilônia,

Mulheres eram impuras

E os homens tinham insônia

Durante as noites escuras.

LXII

No tempo do Império assírio,

As guerras eram ferozes

Sem flores, nem mesmo lírio,

Só gritos eram as vozes.

LXIII

E no tempo dos romanos,

Vencidos eram os escravos

Mesmo sendo soberanos

Ou até guerreiros bravos.

LXIV

No tempo do iluminismo

Todos pensavam ser gênios

Porém o seu raquitismo

Mostrou serem ingênuos.

LXV

No tempo dos fins dos tempos,

Pouco tempo há de buscar,

Haverá trovões e ventos

E maremotos no mar.

Jaguariúna, 12/10/2018.

LXVI

No tempo dos impossíveis

Tudo é possível fazer,

Não há padrão, nem há níveis,

Só não se pode morrer.

Jaguariúna, 13/10/2018.

LXVII

Poema para a Academia Paulista de Letras Jurídicas

I

Esta minha Academia

Com seus oitenta lugares

Faz do Direito a alegria

E o coloca em seus altares.

II

Quando o Direito enfraquece,

Pelo Poder pisoteado,

Sua voz torna-se prece,

Na defesa do bom lado.

III

Os caminhos do Direito

Mais os sonhos de Justiça

Para ser o mal desfeito

É parte de sua liça.

IV

Quais cavaleiros andantes

Seus oitenta lutadores,

Buscam as metas distantes

Da moral e seus valores.

V

Não temem os poderosos,

Pois acreditam no bem,

Por caminhos pedregosos,

Lutam por fins muito além.

VI

São astronautas do espaço

Do Direito para cima,

Pois o certo a cada passo,

Tem no justo sua rima.

VII

Os oitenta cavaleiros

Desta Cruzada moral

São eternos sinaleiros

No combate contra o mal.

VIII

Do Direito são seus mestres,

No Brasil bem conhecidos,

Nos cenários mais agrestes

Dão à vida seus sentidos.

IX

Minha linda Academia

Com seus oitenta ocupantes

Vivem constante porfia

Tanto agora, como dantes.

X

Quando ausente eu for um dia

Sei qu’um outro há de ocupar

Nesta minha Academia

O meu posto neste altar.

XI

Minha eterna Academia

Das Letras do Bom Direito

Na luta do dia a dia,

O justo torna perfeito.

XII

Minha Casa dos Paulistas

Que labutam nesta esteira,

No coração treze listras

Mantém de sua bandeira.

XIII

Minha bela Academia

Com seus oitenta juristas,

Em nossa democracia

São os heróis dos paulistas.

Jaguariúna, 13/10/2018

SONETOS ALÉM DO TEMPO

 

SONETOS ALÉM DO TEMPO

2018

-I-

O tempo mostra à vida o seu tamanho

E a dimensão exata do que somos,

O livro que escrevemos, mesmo estranho,

Poderá ter —quem sabe?— muitos tomos.

Quando jovens a morte não é tema,

Quando velhos sentimos a presença.

Fizemos, pelos anos, nosso esquema

Com certezas e, às vezes, com descrença.

Embora tudo gere mais cansaço,

De tudo temos mais conhecimento

E sabemos qual é o nosso espaço,

Que não tem, nesta idade, mais aumento.

É feliz quem a si não dá valor

E oferta para os seus somente amor.

SP, 16/01/2018.

-II-

A inspiração no tempo é diferente.

Na juventude a vida é só romance,

Na mocidade sonha toda gente

Que uma grande aventura cria o lance.

Na madureza, corre uma esperança

Que a velhice se encontr’inda distante,

Porém se bem mais forte, o esforço cansa

E os desejos já não são mais de infante.

Por fim, aos poucos, a senilidade

A tudo dificulta, todo o dia.

Memória do passado dá saudade

E a perda dos amigos faz a via.

Mas quem em Deus desvenda seu carinho,

Descobre como é belo este caminho.

SP, 22/01/2018.

-III-

PARA RUTH NO ANIVERSÁRIO DA ANGELA

Há tanto tempo que eu te quero tanto,

Há tanto tempo tu me queres bem,

Por tanto amor o quanto de meu canto

Fica meu canto sempre muito aquém.

São décadas e décadas de amor,

Que sem sentir o tempo vem e passa,

Nesta paixão há sempre muita cor

Num sonho que se bebe em linda taça.

És ponte da família para Deus,

Que atravessamos sempre bem felizes,

Tu pedes ao Senhor por todos seus

E nós todos seguimos o que dizes.

Há tanto tempo que eu te quero tanto

Que meu amor não cabe neste canto.

SP, 09/02/2018.

-IV-

Para a tatuagem de minha neta Fernanda.

Uma espada cravada em coração,

Que responde com flores, como o sândalo,

Perfumando, se um golpe leva-o ao chão,

O que parece ser mais do que escândalo.

Assim Cristo pediu pelos algozes,

Como o sândalo augusto perfumando

As machadadas frias e sem vozes,

Ao modo dos cristãos de quando em quando.

A tatuage’está na minha neta,

Não é nem muito grande, nem pequena,

As minhas eu as tenho, pobre asceta,

As rugas da velhice, em tez serena.

Fernanda, eu amo a filha de uma filha,

Que torna sempre alegre esta família.

Jaguariúna, 11/02/2018.

-V-

Para Ruth

Buscando teu amor, todos os dias,

Todos os dias, vivo de teu lado,

São mesmo quando tensos, de alegrias,

Num tempo que se passa não notado.

Os ossos degeneram pela idade,

O andar mais arrastado faz-se lento,

Se tenho do pretérito saudade,

A velhice jamais eu a lamento.

O meu amor, porém, é sempre moço,

É sempre grande e sempre sem tropeço,

Pois tiro do mais fundo de meu poço

O sonho que por ti nunca tem preço.

Querer-te traz à vida segurança,

Que só por tua causa é que se alcança.

SP., 10/03/2018.

-VI-

Soneto da Senilidade

Quando digo que estou já bem senil,

Criticam-me dizendo de meu erro,

Pois falo, pois escrevo em tom viril,

Nas palavras o mal pondo em desterro.

O certo, todavia, é que a cabeça

Não envelhece, mas o corpo sim,

Embora ser senil não me aborreça,

As flores já são raras no jardim.

O coração, porém, sempre combate

O que de podre existe no país

E, se não há do bem qualquer resgate,

Nem por isto abandono a diretriz.

Como árvores que morrem sempre em pé,

Irei até o fim com minha fé.

SP. 17/03/2018.

-VII-

Para Ruth

A pele mostra as rugas pelo tempo,

Tornando o qu’era belo em feia estampa,

A vida nunca foi um passatempo,

Pois para o fim se desce pela rampa.

A velhice desfaz qualquer imagem,

E muitas vezes fere o próprio amor,

O passado transforma-se em miragem

E o presente se perde sem calor.

O coração, porém, quando se ancora

Num querer permanente é sempre moço

Sem crepúsculo ou noite, mas aurora,

Descortinada num formoso esboço.

Assim sou eu, eterno apaixonado,

Feliz por tê-la, Ruth, de meu lado.

SP. 14/04/2018.

-VIII-

Mais um retiro com Deus.

Todos os anos os faço.

Nele peço pelos meus,

Pois na agenda há sempre espaço.

Renovo as forças que tenho,

Mesmo poucas, vejo luz,

Relembro o pesado lenho

Que Cristo teve por cruz.

Meus valores permanentes,

Ruth, filhos e a família,

Meus amigos, são meus entes,

Que tornam leve esta trilha.

Este caminho, Senhor,

Por ti, foi feito de amor.

Aroeira, 21/04/2018.

-IX-

Para Ruth

A velhice bem vale um coração,

Se o coração bem jovem permanece,

As rugas com a morte morrerão

E o amor nele gerado faz-se prece.

O querer não tem forma de pregão,

Que a qualquer um se entrega na quermesse,

Sem ter pureza o esforço faz-se vão,

Pois a quem ama apenas se oferece.

A velhice é detalhe sem relevo,

Que não torna jamais a mocidade

Menos presente, mesmo se longevo

O caminhar dos anos pela idade,

Por isto este soneto a ti escrevo,

Para mim sendo eterna divindade.

SP.28/05/2018.

-X

SEM DESTINO

Empinei meus papagaios

Para ver as caravelas,

Que desenho em meus ensaios,

Pelas ruas paralelas.

Eu descubro assim os astros

Ao noturno contemplar,

Vi estrelas sobre os mastros

No meu barco pelo mar.

Penetrei pelas florestas

Sem alforje, sem espada,

Dos nativos vi as festas

E parei na encruzilhada

De meus versos sem destino,

Que escrevo desde menino.

SP. 02/06/2018.

-XI-

Para Ruth

Cantador cantei a lua

Desde os tempos de eu menino,

Fosse doce, fosse crua

Minha vida sem destino,

Cantador da velha rua

Em que vi o teu fascino,

Que o tempo não atenua,

Mas o torna mais divino,

Cantador da face tua,

De teu olhar cristalino

Que no meu vive e flutua,

Cantador, sou paladino

De um amor que continua

Sempre eterno e repentino.

SP. 16/06/2018.

-XII-

Para Ruth

Anoitece no inverno bem mais cedo,

Após o entardecer frio e chuvoso,

O vento já fustiga este arvoredo

Em frente do escritório, em tom raivoso.

A vontade de estar dentro de casa

É mais forte do que qualquer programa,

Minha imaginação ganha mais asa

E foge de viver o próprio drama.

O tempo da colheita faz-se agora

Das sementes lançadas no passado,

Nas sombras muita imagem se descora

Mas outras tornam tudo iluminado.

Assim meu coração em ti, querida,

Sente a luz que tu pões em minha vida.

SP. 24/06/2018.

-XIII-

Para Ruth em seu aniversário

Ao som dos momentos musicais de Schubert – intérprete Jeno Jandó

Eu toquei os momentos musicais

Números um e dois dos seis compostos

De Schubert em pequenos recitais

Antes de ser levado por impostos.

Dediquei-me ao direito tributário,

E a música deixei sem desencanto.

Mas ouço-a quando estou mais solitário

Pois cobre o coração com doce manto.

Sonoridade eu busco nos meus versos,

Saudades dos bons tempos de solista,

Eram meus sentimentos sempre imersos,

Nos grandes mestres de uma imensa lista.

Eu hoje nada toco e mal versejo,

Porem és para mim um belo arpejo.

SP. 01/07/2018.

-XIV-

Férias. Férias e mais férias.

Quinze dias pela frente,

Sem trabalhos, sem matérias.

Tudo agora é diferente.

Sem tarefa é a vez primeira

Que nas férias não terei

De cansar-me na carreira.

Até pareço ser rei.

Minha amada tem-me ao lado

Filha e netos são também

Que Deus me faça achegado

A seu querer para o bem.

Dê-nos, pois, a proteção

No seu grande coração.

Jaguariúna, 02/07/2018.

-XV-

Quando a Nação descobre que seu mal

Está nos que se dizem competentes

E quando corromper é bem normal

E os vilões morais tornam-se ausentes;

Quando se aplaude a morte em nascituro,

Que assassinar seus filhos é moderno,

Pois não se vê ainda o seu futuro

Que dependente está do amor materno,

Quando se pensa pouco na família

E muito no gozar somente a vida.

Mesmo à custa daqueles que na trilha

São pisados de forma desmedida.

Não se pode falar em liberdade,

Pois o mundo carece da verdade.

-XVI-

POBRE BRASIL

O meu país não deslancha,

Os políticos são fracos

Tiram do povo a esperança,

Pondo a nação em buracos.

Enquistados em Brasília

Vivem corporativismo,

São uma furada quilha

De um barco em rota do abismo.

Seus privilégios são tantos,

Enquanto a nação naufraga

Do poder tem os encantos

Que a corrupção afaga.

Pobre gente brasileira!

Que despenca na ladeira.

Jaguariúna 03/07/2018.

-XVII-

EXPERIÊNCIAS

Muitos pensam que os velhos são passado

E precisam apenas de um apoio

Para esperar a morte, que é do lado,

Inúteis para os outros como o joio.

Mal percebem que muitos destes velhos

Fazem bem mais que os jovens mais robustos

Pois têm nas experiências seus espelhos

E levam seu trabalho sem ter sustos.

O corpo velho, mas de jovem mente

É bem mais jovem dos que jovens são

Pois age rápido e bem diferente

Naquilo que os mais jovens não farão.

A pátina do tempo tem valor

E nela o conhecer põe sua cor.

Jaguariúna, 08/07/2018.

-XVIII-

NOVE DE JULHO

Hoje São Paulo festeja

A luta pelo Direito,

Foi uma dura peleja

Pra ter da lei seu respeito.

Nove de julho, paulistas

Foram mortos pela história,

Eram almas altruístas

De quem se guarda memória.

Derrotados, mas venceram

Gerando a Suprema Lei

E seus nomes apuseram

Com a nobreza de um rei.

Um sonho bem vale a vida,

Se tem na pátria a medida.

Jaguariúna, 9 de julho de 2018.

-XIX-

Que saudades do tempo de eu menino

Cujos sonhos mantenho mesmo agora,

Eu sempre achei que fosse meu destino

Por eles batalhar no mundo afora.

Malgrado os resultados serem pobres,

Não deles desistir valeu a pena

Se os fins que se propõe são eles nobres

A vida bem vivida é vida plena.

Os fracassos e os erros são normais

Com vitórias a lida se entrelaça,

Assim erguem-se lindas catedrais

Com pedras, com tijolos e argamassa.

Embora no que faço, pouco valho,

Procuro tudo dar no meu trabalho.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XX-

Na vida cometemos muitos erros,

Embora com acertos, outras vezes,

Escondemos aqueles nos aterros

Que, em nosso peito, abrimos todos meses.

A luta que travamos, permanente.

Nem por isto desfaz o que é mal feito,

Mas sempre deve ser luta presente

Na busca de vencer todo defeito.

As vitórias se mesclam com fracassos,

Enquanto esgota o tempo da existência,

Assim bem dirigimos nossos passos

Até o dia em que formos ausência.

Eu sei que Deus está a nossa escuta,

Malgrado os erros, vendo nossa luta.

SP, 21/07/2018.

-XXI-

60 ANOS

Passa o tempo e não sei o que dizer

De tanto amor que tenho por você,

Só me resta, na vida, agradecer

O bem que já foi feito e que se vê.

A Deus, que é meu Senhor, eu tudo devo

E devo o dom maior do casamento,

Que segue, neste mundo, bem longevo,

Para mim num eterno encantamento.

Amar, como eu a amo, amor tão grande

Que no peito não posso aprisionar

E que, em nossa família, mais se expande,

Tais quais as ondas brancas pelo mar,

Faz-me tão grato em tudo, amada minha,

Que de meu lado sempre assim caminha.

São Paulo, 31/07/2018

-XXII-

UNIVERSO

Eu me pergunto sempre se o universo

Teria ou não teria algum limite

E se limite houvesse bem diverso

Do mundo tal seria. Há quem cogite?

Difícil é descobrir algo sem fim,

Pois há em todo o fim algo depois,

Fronteiras, quando existem, são assim

Porque dividem sempre tudo em dois.

S’ele infinito for, como explicar

No “big bang” a tórrida expansão,

Não me parece fácil de encontrar

Toda a verdade atrás desta amplidão.

De Deus eu só conheço o doce império,

Sem penetrar jamais neste mistério.

SP. 11/08/2018.

XXIII

É tempo de ser sábio e de ser fraco.

A experiência se faz sempre mais forte,

O físico, porém, torna-se opaco

E vive-se só mais conforme a sorte.

O passado a quem sabe pouco importa

Se foi bom, se foi mal já não retorna,

Do fim é cada vez mais perto a porta

E espera-se o martelo na bigorna.

O futuro descobre-se presente,

E vive-se no dia, cada dia,

Os sonhos se desfazem pela mente,

Mas quem sonha renasce na alegria,

É que bem vê que estamos de passagem

E não temos do morrer qualquer blindagem.

SP. 09/09/2018.

XXIV

NO HOSPITAL SÃO JOSÉ

Há tempo para tudo nesta vida.

Desde o tempo que a vida veio à Terra,

Há tempo de chegada e de partida

E tempo qu’é de paz e qu’é de guerra.

Há tempo para amar e p’ra esquecer

E tempo de trabalho e de descanso,

Há tempo de viver e de morrer

E tempo de tormenta e de remanso.

Há tempo de vitória e de derrota

E tempo de prazer e de tristeza,

Há tempo que no tempo não se esgota

E tempo de perder-se em correnteza,

Mas há tempo qu’é só de alegria,

É o tempo que é de Cristo e de Maria.

SP. 12/09/2018.

Ex-presidente da Academia Paulista de Letras.

XXV

Quando um povo não vê o populismo

E acredita em promessas de assaltantes;

Quando governos levam para o abismo

Os sonhos que se fazem mais distantes;

Quando presos comandam dirigentes

Do crime organizado e da política,

Na condução não sendo diferentes

Sem terem da nação nenhuma crítica;

Quando o ganho ilegal é sempre ganho

Dos eleitores tendo um grande apoio

E o querer ao Brasil parece estranho,

Pois se troca o bom trigo pelo joio;

Vai se perdendo aos poucos a esperança

E o mal dos que são maus, no tempo, avança.

SP. 30/09/2018.

QUADRAS 2018

QUADRAS 2018

-I-

 

PARA O DIA DA SAUDADE

Ah! Que saudades que tenho

De um tempo sem ter saudades,

Na vida com pouco empenho,

Vendo o mundo sem maldades.

SP. 30/01/2018.

-II-

Pelo Dia Internacional da Mulher.

                   Para Ruth

Meu amor intemporal,

Faz-me de ti seu amante,

Tem força de temporal

E nunca fica distante.

SP. 08/03/2018.

-III-

PARA MINHAS COLABORADORAS.

Pelo Dia Internacional da Mulher.

Minhas belas auxiliares,

Sempre amigas de meu lado,

No escritório são seus ares

Que geram nosso bom fado.

08/03/2018.

-IV-

O TIMECO DO LECO

 

Bem merece um peteleco

Este horroroso timeco

Descoberto pelo Leco

Dos outros times, boneco.

SP. 18/03/2018.

-V-

VERA

O tempo que nunca espera

Fez bem chegar o seu dia

Da queridíssima Vera,

Que agora aniversaria.

Beijos dos padrinhos Ruth e Ives.

21/03/2018.

-VI-

Na FIESP

Em homenagem à Camargo,

Eu nunca falo de cor,

Mesmo sendo assunto amargo,

Espero um Brasil melhor.

Na palestra do dia 15/04/2018.

-VII-

De tanto cantar meu canto

Já não sei quando o repito,

Apesar do desencanto,

Contra o mal eu sempre grito.

São Paulo, 19/05/2018.

-VIII-

Para Ruth

Sempre volto ao mesmo tema,

Quando moço e mais idoso,

Minha amada, em meu poema,

Faz o mundo esplendoroso.

São Paulo, 26/05/2018.

-IX-

Não dar importância à vida,

Nem com glória se importar,

Ser honesto pela lida,

A ataques pouco ligar.

SP. 02/06/2018.

-X-

Quando entardece no inverno,

O vento frio aborrece,

Com “pull-over” e com terno,

Na Igreja faz-se uma prece.

SP. 02/06/83

-XI-

Escrever é uma moléstia

Incurável, sem remédio,

Mesmo o escrito com modéstia

Ao autor não causa tédio.

SP 02/06/82.

-XII-

Mais uma quadra refaço,

Neste final de descanso,

Escrevo no branco espaço

Do papel que a tinta lanço.

SP. 16/06/2018.

-XIII-

Meu querido neto André

Reclama na minha sala

Da vitrola, mas de pé

Vai embora e pega a mala.

SP. 17/06/2018.

-XIV-

Para Ruth

No jardim cheio de estrelas

Vi teu retrato na lua

E quando pude retê-las

Eu retive a imagem tua.

SP. 22/06/2018.

-XV-

Para Ruth

Cansado de estar cansado,

Cansei-me de me cansar,

Cansaço se põe de lado

Pois não me canso de amar.

         SP. 23/06/2018.

-XVI-

I

Sinto saudades do tempo

Em que lutava com raça,

Passa a vida como o vento

Mas teu encanto não passa.

II

Sou bem velho, mas sou moço

Num coração que se vê,

O meu amor tem endosso

Transferido pra você.

SP. 01/07/2018.

-XVII-

A noite cai bem serena

À distância vejo luz,

E mais distante uma antena

Que bem parece uma cruz.

02/07/2018.

-XVIII-

É um cachimbo, um cachimbo

Magrite pôs em pintura

A frase tem seu carimbo

Com alguma formosura.

Jaguariúna, 02/07/2018.

-XIX-

Para Ruth

I

Depois da sauna um bom banho

E um notável bem estar,

Sem trabalho, fico estranho

Mas não paro de te amar.

II

Deslizo pelos oitenta

Com desconforto por vezes,

Nesta idade não se inventa,

Os anos parecem meses.

Jaguariúna, 03/07/2018.

-XX-

Meu tempo faz-se presente,

Só por ti querida amada,

Mesmo quando estás ausente

Pois tua imagem é guardada.

Jaguariúna, 04/07/2018.

-XXI-

Fim do dia ensolarado,

Nem parece ser inverno,

Tenho Ruth de meu lado

E tudo se faz eterno.

Jaguariúna, 04/07/2018.

-XXII-

I

O Brasil foi derrotado

Teve peso e pouca sorte,

Vive as glórias do passado

Mas o presente é de morte.

II

Eu não sei mais versejar

Repito temas e versos,

Mas a Ruth eu sei amar

Nosso amor vale universos.

Jaguariúna, 06/07/2018.

-XXIII-

Piscina

 

O sol bate na piscina,

Mas a piscina está fria,

Vou a sauna bem na esquina

De minha casa vazia.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXIV-

Ruth

 

Muito papel sobre a mesa

Muito escrevo e pouco digo

Sou feliz co’a  alma presa,

Por estar sempre contigo.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXV-

Ruth

O panorama que vejo,

Neste meu pobre recanto

É belo como teu beijo,

Pois descobre teu encanto.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXVI-

Para Ruth

Estou de roupa vermelha

Nas férias, uso um abrigo,

Por cima, eu enxergo a telha

E, ao lado, eu estou contigo.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XXVII-

No tempo das caravelas

Havia monstros no mar,

E naufrágios nas procelas,

Que não se sabe contar.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXVIII-

No tempo dos cavaleiros,

As donzelas nas sacadas,

Protegidas por arqueiros,

Sonhavam sonhos de fadas.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXIX-

No tempo das caravelas,

Nos portos, ruas estreitas,

Tinham luzes amarelas

Sem brilhar e rarefeitas.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXX-

No tempo das caravelas,

Não havia mais jograis,

Que cantavam pra donzelas,

Nos castelos medievais.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXXI-

Na mesa branca da sala.

Eu escrevo sem parar

Escritos não tem escala,

Nem fronteiras como o mar.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXXII-

Neste livreto eu bem ponho,

Meu amor de tantos anos

Ruth pra mim é meu sonho,

Numa vida sem enganos.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XXXIII-

No tempo dos cavaleiros,

As liças eram mortais,

Até mesmo os escudeiros

Tinham lutas corporais.

-XXXIV-

No tempo dos cavaleiros

Existiam cavalgadas

E, nos cavalos, guerreiros

Brandiam suas espadas.

-XXXV-

O tempo dos cavaleiros,

Foi também o das Cruzadas,

Dos nobres eram herdeiros

Nas batalhas e caçadas.

-XXXVI-

No tempo dos cavaleiros,

Eram sangrentas as guerras,

Forjavam em fogareiros

As lanças em suas terras.

-XXXVII-

No tempo dos cavaleiros,

Cantavam os cantadores

Os seus feitos derradeiros

Assim como seus amores.

-XXXVIII-

No tempo dos cavaleiros,

Lá sonhei ter meu destino,

Tendo por meus companheiros

Os meus heróis de menino.

-XXXIX-

Dois cadernos quero dar,

Para Ruth nos sessenta,

Para assim comemorar

Nossa data sem tormenta.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XL-

Quanto mais me vejo fraco,

Mais em Deus eu acredito,

Pois N’Ele a soberba aplaco

E faço o mal ser prescrito.

Jaguariúna, 10/07/2018.

-XLI-

A noite chega bem perto,

Desaparecem as luzes,

O céu é um negro deserto

Onde se escondem as cruzes.

Jaguariúna, 09/07/2018.

-XLII-

Minha rua de eu menino

Tinha, muitas vezes, bonde,

Nela via meu destino

Que não sei onde se esconde.

Jaguariúna, 09/02/2018.

-XLIII-

Quadra do dia

Oh querida Ana Regina,

Psicanalista de escol,

O teu olhar de menina

É brilhante como o sol.

SP., 19/07/2018.

-XLIV-

Vivemos dias estranhos

Crápulas em profusão

Têm nos roubos muitos ganhos

Mas à custa da nação.

SP. 22/07/2018.

-XLV-

Os meus sonhos de menino

Não os perco no Brasil,

Os bons farão seu destino

De afastar o poder vil.

SP. 22/07/2018.

-XLVI-

PARA MINHA SECRETÁRIA

 

A sempre jovem Marlene

Ontem fez aniversário,

No trabalho, que se encene

O seu toque já lendário.

SP, 23/07/2018.

-XLVII-

Como nos tempos de antanho,

De mãos dadas sempre estamos,

Nosso amor não tem tamanho,

Sendo os Santos nossos amos.

28/07/2018.

-XLVIII-

Quando os tempos são da lua

O coração é mais belo,

Pois nele a imagem é tua,

Num colorido amarelo.

SP. 28/07/2018.

-XLIX-

Eu sempre as quadras bem faço,

Mal escritas de improviso,

Penetro assim meu espaço

Em busca de teu sorriso.

11/08/2018.

-L-

Quanto mais escrevo assim

Tanto mais assim me sinto,

Quero ter perto de mim

O teu olhar tão distinto.

SP. 11/08/2018.

 LI

Que frio faz este inverno,

Que saudades do calor!

Não é, felizmente, eterno,

Mas tem do cinzento a cor.

SP. 09/09/2018.

LII

Peço a sua intercessão

Minha Mãe formosa e linda,

É de ti meu coração,

Pelo tempo mais ainda.

SP. 09/09/2018.